Cidades

Amor e expressão livres

A 22ª edição da Parada do Orgulho LGBTs reuniu cerca de 150 mil participantes, segundo a organização. Neste ano, a iniciativa fez referência ao Stonewall e ao Beijo Livre

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 15/07/2019 04:24
A 22ª edição da Parada do Orgulho LGBTs reuniu cerca de 150 mil participantes, segundo a organização. Neste ano, a iniciativa fez referência ao Stonewall e ao Beijo Livre

Com muita música, glitter e cores, a 22; edição da Parada do Orgulho LGBTs agitou o fim da tarde de ontem no Eixo Monumental. Este ano, a iniciativa celebrou dois movimentos históricos na luta pelos direitos da comunidade, os 50 anos de Stonewall e os 40 anos do Beijo Livre, primeira organização LGBT de Brasília.

O evento reuniu cerca de 150 mil pessoas, segundo a organização. Enquanto bandeiras gigantes traziam as cores do movimento, o público acompanhava os trios elétricos ao som de músicas de cantoras, como Britney Spears e Pabllo Vittar.

Segundo Michel Platini, um dos organizadores do evento, este é o encontro que mais reúne LGBTs na capital do Brasil. ;Estamos aqui para mostrar a força da comunidade LGBT, que pede cidadania, direitos humanos e respeito;, diz.

Além de dançar e cantar, os participantes aproveitaram o momento para dar um grito contra o preconceito. O repositor Felipe Rodrigues, 31 anos, trouxe uma placa convidando o público a refletir o que eles lutavam. ;Eu sou de uma geração em que a comunidade não era politizada, mas, nos últimos anos, isso mudou drasticamente. Para mim, esta é a primeira parada gay em que as pessoas têm a noção de que é um movimento politizado sim", destaca.

Platini ressalta que o movimento não pode ser dissociado da política e que a parada é também um ato de resistência em meio a um contexto político conturbado. ;Estamos aqui para denunciar esse sucateamento das políticas públicas para a comunidade LGBTs, a falta de direitos, os problemas locais e nacionais. E para protestar contra o discurso de um governo federal, que se coloca de maneira fundamentalista e incita a população a ser mais preconceituosa;, critica.

Para muitos, a parada também é uma oportunidade de dar visibilidade ao grupo. ;Estamos aqui para mostrar que a comunidade LGBTs existe e não vai ficar calada;, destacou a estudante Erika Albuquerque, 23.



Festa colorida

Em meio às placas com frases e gritos de protesto, não faltou cor, brilho e criatividade com os figurinos. Any Beatriz Alves, 18, esbanjou no glitter e na cor na maquiagem. ;Para mim, isso aqui significa liberdade e direito de expressão e de amor;, ressalta. Kassandra Malandra, 21, é drag queen há três anos e caprichou no look para a festa, além de se manter firme no salto. ;Isso aqui nos representa. Estamos mostrando que a comunidade LGBTs é uma grande parte da população;, frisa.

No ano passado, o evento reuniu cerca de 70 mil pessoas, o que chamou a atenção do atendente Lucas Jesus, 21, que veio de Goiânia para participar da festa brasiliense. ;Eu vim com meus amigos e estou achando maravilhosa. É muita gente reunida;, destaca.

Tempos de repressão

Stonewall era um bar nova-iorquino, reduto da população LGBT. Em 1969, o bar foi alvo de agressiva batida policial, sob a alegação de venda ilegal de bebida alcoólica. Funcionários e clientes do local foram presos. À época, a homossexualidade ainda era crime no estado de Nova York.

A repressão gerou protestos e manifestações, que são consideradas as primeiras paradas gays do mundo. ;Estamos fazendo um resgate da nossa memória. As conquistas não foram à toa. Com essa recuperação, estamos mostrando nosso orgulho e a resistência que a gente precisa ter para permanecer vivo em um dos países que mais matam LGBT no mundo;, explica Michel Platini.


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