postado em 25/07/2019 04:07
A Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) instaurou 127 processos administrativos disciplinares (PADs) contra empregados desde o fim da greve, há uma semana. O número pode aumentar, pois a estatal ainda analisa se pode enquadrar outros funcionários por indisciplina.
A medida atinge servidores que se recusaram a abrir as bilheterias e pode resultar desde simples advertência até demissão por justa causa. Não há precedente de tal medida no Governo do Distrito Federal (GDF). Em toda a administração pública local, no ano passado, por exemplo, foram abertos 93 processos do tipo.
Segundo o Metrô-DF, o número de empregados continua reduzido e cresceu o índice de faltas dos que atuam na operação. Apenas ontem, dos 96 empregados esperados, 26 não compareceram. Foram 17 licenças médicas, quatro atestados de acompanhamento e cinco atestados de comparecimento entregues à administração da companhia. Antes da greve, a média de atestados por dia variava entre cinco e oito, em um universo de 1,2 mil empregados.
O sindicato dos trabalhadores (SindMetrô) rebate a companhia e justifica que os funcionários retornaram às atividades em 18 de julho, atendendo a ordem do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). ;Essas faltas que a empresa tanto fala são as folgas de escala, inclusive uma nova escala que ela adotou com o retorno aos trabalhos;, afirma o sindicato.
Os passageiros ainda encontram filas e estações com acesso liberado. De acordo com o Metrô-DF, a companhia deixou de arrecadar R$ 9 milhões em 76 dias de greve e 1,7 milhão de usuários foram transportados a menos, comparando-se com o mesmo período do ano passado.
Na última segunda-feira, o Ministério Público do Trabalho extinguiu o processo de dissídio coletivo ajuizado pelo sindicato contra o Metrô-DF sem julgar o mérito da ação. A falta de acordo entre as partes é o motivo da decisão.
A última proposta do Metrô-DF oferecia aumento no auxílio-alimentação e no ressarcimento do plano de saúde, além de incorporação da carga horária de seis horas ao contrato dos pilotos. Os trabalhadores rejeitaram a proposta. O SindMetrô reivindica o cumprimento das sentenças judiciais que determinam reajuste dos salários no mesmo índice da inflação. Ele pede ainda a manutenção do acordo coletivo de 2017.
Para o procurador do Trabalho Charles Lustosa Silvestre, que assina o parecer, para haver a decisão é necessário anuência entre as partes. A briga entre os trabalhadores e o Metrô-DF perdura desde 2 de maio, quando a categoria decidiu cruzar os braços.
Por meio de nota oficial, a direção do Metrô-DF afirmou que tomará medidas legais em relação aos empregados que se recusarem a voltar ao trabalho. ;O fato de não possuírem mais direito à percepção do benefício denominado ;quebra de caixa; não os exime de sua atribuição constante em contrato de trabalho.;
Em meio a paralisação, o GDF iniciou o processo de concessão do Metrô à iniciativa privada. Segundo o Sindmetrô, os servidores estatutários têm menos benefícios, como salários médios menores, valor inferior no vale-alimentação, além de não contarem com plano de saúde e auxílio-educação.
Prejuízo
Prejuízo
R$ 9 milhões
Valor que o Metrô-DF deixou de arrecadar nos
76 dias
de greve dos seus empregados