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A pequena Bolt

Moradora do Paranoá se destaca nas disputas de atletismo. A menina, que ganhou apelido em homenagem ao velocista jamaicano, conquistou seis medalhas de ouro em dois anos

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 26/07/2019 04:08
Sarah Coelho corre provas de 300m e representou Brasília em competição em Uberlândia



Em uma pista de atletismo entre o Paranoá e o Itapoã, Sarah Coelho, 10 anos, corre rumo ao futuro. Os sonhos miram alto e ela se destaca no esporte. Em poucos minutos, a garota vai de uma ponta a outra da pista, fazendo jus ao apelido, Sarah Bolt, que recebeu do treinador, em referência ao velocista jamaicano campeão olímpico e mundial Usain Bolt.

E Sarah sabe bem o que quer para o futuro. A resposta para a famosa pergunta ;O que você quer ser quando crescer?;, ela tem na ponta da língua: ;Quero ser atleta;. O motivo: amor pelo esporte. ;O professor disse que eu corria e que eu ia voar alto. Com isso, comecei a gostar do atletismo;, afirma.

A atividade começou há dois anos, de forma despretensiosa. Sarah foi pela primeira vez à pista de atletismo com a irmã mais velha, Rebeca Moraes, 13, que fazia aulas no local. Lá, conheceu o treinador Gilvan Santos e começou a se apaixonar pelo esporte. ;A gente faz um exercício pedagógico, em que usamos cones e bambolês. Fazemos duas filas para uma disputa de menina contra menino. Eu a vi correndo, outras pessoas também tinham comentado da desenvoltura dela, então fomos conhecer a família para falar sobre o talento dela;, lembra Gilvan.

A mãe, a manicure Ana Carolina Moraes, 43, conta que não imaginava que a filha tivesse talento para o atletismo. ;Foi uma surpresa muito grande quando eles vieram perguntar se eu permitia que ela começasse a treinar;, comenta. Com a autorização da mãe, Gilvan começou a trabalhar detalhes, como a coordenação motora e a postura. ;A Sarah é um talento para o esporte, principalmente para o atletismo. O biotipo dela, a genética, tudo ajuda. Ela é muito veloz e dedicada;, ressalta o treinador.

Além de boa atleta, Sarah não deixa de se destacar pela disciplina. Estudante do 5; ano do ensino fundamental, garante boas notas na escola e não falta a nenhum dos treinos, três vezes na semana. O resultado não poderia ser outro. Na primeira corrida oficial que participou, em 2017, em Uberlândia, a garota conquistou a primeira medalha de ouro.

;Lembro que foi uma loucura. Não consigo acompanhá-la nas viagens, então fiquei aguardando o resultado em um grupo do WhatsApp que tenho com as mães das outras atletas. Quando o professor colocou que a Sarah tinha chegado em primeiro lugar, eu comecei a gritar e a chorar;, relata Ana Carolina.

A mãe só conseguiu ver a filha disputando oficialmente em Brasília e quase não acreditou no desempenho da garota. ;Ela vinha disparada e ouvi algumas pessoas falarem ;lá vem a Sarah Bolt;. Fiquei encantada quando ouvi a plateia gritando o nome dela.;

Colecionadora de vitórias

Sarah também conquistou o lugar mais alto no pódio em disputas em Goiânia, Belo Horizonte, Palmas e, mais recentemente, em Fortaleza, além de outras corridas em Brasília. As viagens proporcionaram momentos de que Sarah jamais vai se esquecer. Foi graças ao esporte que ela andou de avião e viu o mar pela primeira vez.

Apesar das medalhas, a menina fica nervosa todas as vezes que precisa encarar uma nova corrida. Porém, conta que tem seus truques para entrar na pista sem medo. ;Meu pai sempre fala que Deus vai estar comigo e para eu orar para ele me dar vitória. Então, eu faço isso, e, quando eles apitam, saio em disparada;, afirma.

O treinador conta que prepara a menina respeitando os limites dela. Devido à idade e à condição física, as competições são sempre de 300m de distância. A postura e a coordenação motora melhoraram. Sarah mantém o olhar fixo quando inicia a largada e nem mesmo o paraquedas usado no treino é capaz de desequilibrar ou diminuir o ritmo da garota, que corre focada, como uma atleta adulta.

Para a mãe, o desempenho de Sarah é apenas o começo de uma longa carreira no atletismo. ;Espero que futuramente ela represente o nosso país lá fora. Sei que Deus tem algo muito lindo para a vida dela e ela já está arrasando. Quando ela corre, os pés nem tocam o chão;, frisa Ana Carolina, orgulhosa.

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