Cidades

Falta política pública

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 29/07/2019 04:06
Uma das bandeiras de Rodrigo Rollemberg (PSB), que esteve à frente do Palácio do Buriti de 2015 a 2018, era colocar o Distrito Federal sobre trilhos. Além de ampliar o metrô, levando à Asa Norte, ele prometia iniciar a construção do Expresso Pequi, projetos tocados por Marcelo Dourado, que comandou a Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) entre 2011 e 2013 ; época da elaboração do estudo de viabilidade do trem de passageiros Brasília-Goiânia ;, e presidente do Metrô-DF em toda a gestão Rollemberg. Mas nem ele nem o chefe conseguiram tirar os planos do papel.

Dourado rebate críticos que citam o alto custo dos trilhos como empecilho citando a opção de nações desenvolvidas por esse sistema. ;O nosso PIB (Produto Interno Bruto) seria muito mais robusto se tivéssemos o investimento em infraestrutura. Não só ferroviária, como também a aquaviária. Não dá para o Brasil continuar dependendo das rodovias, um sistema saturado, com alto custo para o meio ambiente, sem falar nos mortos e feridos em acidentes;, afirma.

Para Dourado, os projetos de trem não saem do papel porque o Brasil não tem o modal ferroviário como política pública. Ele lembra que, em meio século, a malha ferroviária encolheu de 50 mil km para cerca de 30 mil km, assim como a oferta de trens de passageiros no Brasil está menor. ;O modal ferroviário é limpo, ambientalmente sustentável, e tem capacidade infinitamente superior. Mas é preciso priorizar projetos de Estado, não de governo, porque o tempo de implantação é longo, assim como o custo é mais alto. Porém, os resultados, muito mais eficazes;, pondera.

Dourado não explica por que os projetos não vingaram no governo Rollemberg. Ele apenas observa que, apesar de a proposta do Expresso Pequi prever o trem expresso e de alta velocidade, experiência em países como a Europa e Estados Unidos mostraram que ele só é viável economicamente em trajeto superior a 400km. O atual governo do DF não tem interesse no transporte de passageiros entre Brasília e Goiânia. Ele mira a retomada do serviço apenas da Rodoferroviária a Valparaíso. Um dos responsáveis pelo plano é o secretário de Desenvolvimento do Entorno, Paulo Roriz. Ele informou, por meio de nota oficial, que tudo depende dos projetos de viabilidade, sem prazo para conclusão. À frente de pasta similar, Paulo Roriz comandou o plano do Expresso Pequi, no governo de José Roberto Arruda (2007-2009).




Apenas dois

No Brasil só há dois trens regulares de passageiros em operação. O da Estrada de Ferro Vitória/Minas e o da Estrada de Ferro Carajás. Além disso, há 24 trechos autorizados para funcionamento de trens turísticos, sendo 13 em operação.



Leia amanhã: especialistas apontam os prós e contras dos projetos de trem para o DF e Goiás




Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação