postado em 31/07/2019 04:07
Palco de grandes competições esportivas e alguns dos maiores shows musicais da história da capital, o Ginásio Nilson Nelson pode estar com os dias contados. A empresa que ganhou o direito de administrar e explorar o Complexo Esportivo Ayrton Senna estuda demolir a maior quadra coberta do Distrito Federal para erguer outra, mais moderna, no mesmo local, ao custo de R$ 80 milhões. A obra deve durar dois anos.
A Arena BsB alega uma série de falhas operacionais e de infraestrutura. Ela vai tomar a decisão com base em um estudo aprofundado sobre as fundações da estrutura ; a análise será encomendada nas próximas semanas. ;Se as fundações forem adequadas, faremos as intervenções do nível do chão para cima. Mas, se estiverem comprometidas, a ideia é rodar o ginásio em 90; e refundá-lo, para que a entrada seja integrada ao boulevard, de frente para o Mané Garrincha;, explica o presidente da empresa, Richard Dubois. Seja qual for a opção, a empresa precisará submetê-la ao crivo do GDF.
Com uma capacidade cinco vezes menor que a do Estádio Nacional Mané Garrincha, o Nilson Nelson aparece como a mais importante estrutura do complexo, pois deve sediar o maior número de eventos. ;Eventos que atraem 60 mil pessoas demoram a aparecer. O ginásio conseguirá atrações para 12 mil pessoas em quase todos os fins de semana;, aposta Dubois. ;Para isso, precisamos de uma infraestrutura eficaz, com camarim, pré-montagem de aparelhos de som, camarote, área vip;, completa.
Para não comprometer a capacidade do DF de receber jogos ou pequenos eventos enquanto o Nilson Nelson passa por uma intervenção, a Arena BsB construirá um ginásio menor, para 4 mil pessoas. Os empresários estudam instalá-lo na parte de trás do complexo, próximo ao Autódromo Nelson Piquet. ;Apenas depois de erguido, descomissionaremos o Nilson Nelson. Após a conclusão da obra, o espaço seria aproveitado como área de treinamento ou sede de jogos de times menores, por exemplo;, adianta o presidente da empresa.
Para assinar o contrato com o Palácio do Buriti, a Arena BsB entregou uma proposta inicial. A ideia, porém, deve passar por diversas alterações. A empresa lançará, em agosto, um concurso para a escolha do projeto arquitetônico do Boulevard Monumental, complexo de lazer que deve ficar nos fundos do Nilson Nelson, com restaurantes, teatros, cinemas, casa de show, academias de ginástica e shopping center.
As intervenções obedecerão a Lei Complementar n; 946/2018, aprovada pela Câmara Legislativa no ano passado. O plano prevê novos usos para área, com parâmetros como altura máxima de 12 metros, à exceção do ginásio e do estádio, e taxa de ocupação limite de 12% do terreno. Entre as exigências está a recuperação da área verde, a redução do espaço impermeabilizado, a garantia de acesso a pedestres, construção de ciclovias e a manutenção de um corredor verde, ligando o Parque da Cidade ao Parque Burle Marx.
Mais gramados
A empresa assinou o contrato com o GDF na última sexta-feira. O acordo prevê o pagamento do de R$ 5 milhões anuais ao governo, além do repasse de 5% do faturamento líquido. A concessão à iniciativa privada tem prazo de 35 anos, mas os repasses ao governo só começam no sexto ano de contrato, por conta do prazo inicial de investimentos. Com a concessão do complexo esportivo à iniciativa privada, o governo vai economizar ainda quase R$ 13 milhões por ano.
O planejamento não se restringe ao Nilson Nelson. O Arena BsB pretende plantar gramados externos, ao lado do Mané Garrincha. ;Os times menores poderiam optar por esses campos, menos onerosos e suficientes para acolher as torcidas. Também pretendemos criar quadras de tênis e demais esportes externos;, diz Dubois. Com a terceirização do espaço, o Complexo Esportivo Ayrton Senna passa a se chamar Arenaplex.
Memória
Memória
Homenagem a jornalista
Com o nome do primeiro grande jornalista esportivo da capital, o Ginásio Nilson Nelson abriu as portas em 1973. Inspirado em uma tabela de basquete, o projeto arquitetônico de Ícaro de Catro Mello, Eduardo de Castro Mello e Claudio Cianciarullo sediou importantes atrações, como um show do grupo Jackson 5, em 22 de setembro de 1974. Nos anos 2000, tornou-se palco dos principais torneios nacionais de MMA, além de sediar competições oficiais das seleções de vôlei.
Para saber mais
Cláudio Coutinho é incógnita
Para saber mais
Cláudio Coutinho é incógnita
A Arena BsB ainda não sabe o que fazer com o outro ginásio do Complexo Esportivo Ayrton Senna. Inaugurada em abril de 1981, a pequena arena no centro da capital tinha capacidade para 2,4 mil torcedores e recebia treinos e campeonatos regionais. O equipamento esportivo foi interditado em 2001, devido a problemas estruturais, desde então, sofre com o abandonado e deterioração.
Pichadas, as entradas estão fechadas com correntes enferrujadas e tapumes, pois alguns portões não existem mais. Dentro, lixo e entulho estão empilhados ; uma situação parecida com a das quadras poliesportivas ao lado. Todo o abandono contrasta com o concreto das colunas do Estádio Nacional Mané Garrincha, erguido ao custo de R$ 1,7 bilhão a 200m de distância.
A poucos passos do ginásio, distinguindo-se da aparência negligenciada, ainda funciona o complexo aquático de mesmo nome ; Cláudio Coutinho, ex-técnico da Seleção Brasileira, morreu aos 42 anos, no ano de inauguração do espaço esportivo. A piscina olímpica dali, uma das melhores da capital, sedia competições e abriga algumas federações esportivas do Distrito Federal.