Cidades

O lado social do rondonista

Projeto Rondon, que mantém a tradição de atuar em regiões carentes do Brasil, prepara projetos para atender áreas do Distrito Federal

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 08/08/2019 04:08
Os alunos Carlos Augusto, Giullia Venus e Wanessa Lopes, além do professor Rodrigo Braz: olhar humanista




É no voluntariado, em busca do desenvolvimento das comunidades brasileiras mais necessitadas, que jovens universitários ganham a chance de evoluírem como cidadãos. Tendo como base os princípios da democracia, da responsabilidade e da defesa dos interesses nacionais, o Projeto Rondon leva às populações carentes dos quatro cantos do país projetos elaborados por instituições de ensino superior, com o objetivo de trazer mudanças permanentes às localidades. Pela primeira vez, a população do Distrito Federal será alvo das ações em prol da qualidade de vida e capacitação social.

A ação, que ocorre em julho de 2020, beneficiará moradores de 10 cidades do DF. O edital deve ser lançado em setembro e selecionará 21 instituições de ensino superior do DF, além de 212 rondonistas ; nome dado aos voluntários do programa, sejam eles estudantes sejam professores.

;Se dispor a ir para outro estado é importante e contribui para termos diversos olhares, até mesmo para nossa profissão. Por isso, é necessário conhecer realidades tão próximas e, ao mesmo tempo, tão distantes;, destaca Wanessa Lopes, 23 anos, estudante de publicidade da Universidade de Brasília (UnB), participante da Operação Vale do Acre ; a última edição do projeto, ocorrida entre 5 e 21 de julho passados.

Para ela, conhecer novas culturas, comunidades e realidades foi algo marcante e necessário para o crescimento profissional e pessoal, experiência que também pode ser vivenciada sem precisar ir muito longe. ;É necessário atuar, porque faz mais diferença na vida do próximo do que a gente imagina. Percebi isso quando uma senhora nos parou na rua, chorando e agradecendo ao projeto, porque foi por meio de voluntários que ela descobriu uma propensão genética a câncer que permitiu a prevenção de toda uma família;, conta Wanessa.



Voluntariado

O Projeto Rondon teve início em julho de 1967 com a Operação ;Piloto;, quando 30 universitários e dois professores saíram do Rio de Janeiro e desembarcaram em Rondônia para uma experiência de 28 dias, período em que realizaram pesquisas e assistência médica no estado. Em 1989, as atividades do projeto foram interrompidas e só retomadas em 2005, sob coordenação do Ministério da Defesa.

Desde o relançamento, o Projeto Rondon realizou 84 operações, que incluem atividades para o desenvolvimento sustentável, geração de renda, palestras educativas, intervenções para a prevenção de doenças e cuidados com a saúde. Ao todo, 1.237 municípios de 24 unidades da Federação receberam o programa federal ; apenas Distrito Federal, Rio de Janeiro e Santa Catarina ainda não foram atendidos. Participaram 2.356 instituições de ensino superior e 23.401 rondonistas, alcançando cerca de 2 milhões de pessoas.

Estudante de jornalismo da UnB, Giullia Venus, 20, se enche de alegria ao falar da experiência vivida como rondonista. ;É muito trabalho. Rodamos 12 municípios em menos de duas semanas, acordando cedo e dormindo tarde. Mas é muito bom e gratificante. A gente foi com o objetivo de ajudar e fomos nós quem recebemos experiência de vida, de humanidade e profissional. Fomos recebidos com muito carinho, uma hospitalidade ímpar;, relata.

Por meio do voluntariado, o projeto serve como grande fomentador da extensão universitária, afirma o coordenador de comunicação do Rondon, o tenente-coronel Alexandre Scholtz. ;É a maneira produtiva de tirar o estudante do espaço físico da universidade para que conheça novas realidades. Esses alunos servem como agentes transportadores de conteúdo para pessoas da comunidade que possam replicar os conhecimentos;.

São professores, líderes comunitários, cooperativas e até mesmo a própria população que recebem diretamente o projeto. ;Só na Operação Vale do Acre, foram entregues 14 mil certificados, ou seja, 14 mil sementinhas plantadas e que serão disseminadas para a população desses 12 municípios visitados;, completa Scholtz.

A experiência modificou não só a vida das comunidades, mas de universitários, como o graduando em jornalismo Carlos Augusto Xavier, 22, que precisou pisar e conviver nas terras acrianas para fortalecer o sentimento de pertença. ;Independente das diferenças territoriais, culturais e sociais, somos todos brasileiros, humanos e precisamos ajudar. Quando a gente participa do projeto, mesmo que seja uma vez, a gente vira um rondonista. Porque a mudança começa a fazer parte de você para sempre. A união, o amor, o esforço, a entrega, a transformação. Tudo isso é Rondon.

84
operações

23.401
rondonistas

2milhões
de beneficiados


Saiba mais
Previsão de operações Rondon para 2020:

Janeiro
Operação Yaguaru em Cascavel/PR: 41 IES, 412 rondonistas, 20 município

Julho
; Operação DF, em Brasília/DF: 21 IES, 212 rondonistas, 10 municípios/cidades satélites
; Operação Teixeirão II em Porto Velho/RO 21 IES, 212 rondonistas, 10 municípios
; Operação Bahia em Feira de Santana/BA: 29 IES, 292 rondonistas, 14 municípios

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