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Via Engenharia entra com pedido de recuperação judicial

O objetivo da empresa, com o pedido, é reerguer o negócio a partir da renegociação das dívidas

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 09/08/2019 15:07

A recuperação judicial da Via permitirá que sejam cumpridos compromissos com fornecedores, funcionários, parceiros e credores

O Grupo Via entrou com pedido de recuperação judicial nesta quinta-feira (8/8). Formado pela Via Engenharia S.A e pela Via Empreendimentos Imobiliários, o grupo informou, por meio de nota, que tomou a decisão devido a problemas decorrentes da ;grave crise econômica-financeira do país, que impactou quase todos os setores da economia, principalmente os de construção pesada civil e o mercado imobiliário;.

De acordo com o advogado do grupo, José Murilo Procópio, o pedido foi protocolado na 1; Vara de Recuperação e Falências, com base com base na Lei 11.101/2005. Trata-se de um um mecanismo legal que permite a reestruturação de empresas em crises econômico-financeiras. O objetivo é reerguer o negócio a partir da renegociação das dívidas.

O advogado descartou a possibilidade de falência. ;A recuperação é um favor legal às empresas. A Via é tradicionalíssima e está passando por um problema de recebimento de crédito e falta de obras, mas é um grupo que tem estrutura, portanto, não vai haver dispensa de funcionários em massa, pois o grupo tem plenas condições de seguir com os contratos em andamento;, disse.

Segundo Procópio, a partir do pedido de recuperação judicial, o Via tem 60 dias para apresentar um Plano de Recuperação. ;O principal objetivo é mudar o perfil da dívida;. Atualmente, o grupo acumula dívida de R$ 330 milhões. Conforme informações que constam da petição de recuperação judicial, entre 2014 e abril de 2019, a Via Empreendimentos somou negócios de R$ 1,2 bilhões, dos quais R$ 609, 9 milhões sofreram distrato. Somente em 2015, 86% dos contratos foram distratados.

;Só no Rio de Janeiro, já são 300 imóveis mobiliados disponíveis, que ficaram vazios principalmente depois das Olimpíadas, o que também levou o grupo a acumular prejuízos com a manutenção desses imóveis;, explicou Procópio.

Ele disse que o setor de construção pesada também foi duramente atingido pela crise e, desde 2014, vem sofrendo com o menor volume de investimentos, principalmente do governo Federal. ;A descontinuidade e o andamento anormal das obras de grande porte do governo federal vêm prejudicando sobremaneira o desempenho da Via Engenharia em 2018 e 2019. Entre 2015 e 2018, a estimativa de investimentos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a maior fonte de recursos do país, era de R$ 1,04 trilhão. Segundo dados do Ministério de Planejamento, foram realizados somente 24,2% do total previsto nesse período;, diz a petição.

De acordo com o documento, três obras da Via Engenharia sofrem ;com a incerteza e o atraso; na liberação dos empenhos orçamentários e dos recursos financeiros: a obra do canal para a integração das vertentes paraibanas, na Paraíba; a duplicação e restauração da rodovia BR 101, na Bahia, e a obra do Córrego Riacho das Pedras, para implantação das bacias de detenção e infraestrutura de controle de cheias, em Contagem, em Minas Gerais.

De acordo com a nota do grupo, o pedido de recuperação tem os objetivos de ;preservar a condição operacional da Companhia e readequar o passivo, de forma a sustentar um fluxo financeiro que garanta a capacidade de pagamento dos compromissos firmados, mantendo a continuidade de suas atividades e os empregos gerados nas regiões onde atua;. O grupo informa ainda, que a recuperação judicial é ;imprescindível; para que sejam honrados compromissos com fornecedores, funcionários, parceiros e credores com o menor impacto possível.

O grupo

Em Brasília, o Via construiu o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, o Novo Centro Administrativo do GDF, o Green Towers Brasília, a Ponte JK, a reconstrução do viaduto da Galeria dos Estados e estações de metrô. O grupo tem mais de 50 mil imóveis entregues e três mil funcionários.

Fundada em 1980, quando se concentrava na construção de imóveis residenciais, o Grupo Via atua no Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro. Além da construção civil, o grupo incorporou o ramo imobiliário. Na década de 1990, entrou no mercado de construção pesada, quando atuou na despoluição da baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, e na duplicação da BR-230, que liga Campina Grande a João Pessoa, numa extensão de 112 km.

No início dos anos 2000, foi constituída a Via Empreendimentos Imobiliários para atuar exclusivamente no mercado de construção e incorporação imobiliária, gerenciando o braço de negócios do Grupo, então responsável por mais de 10 mil imóveis. No mesmo ano, a Via Engenharia formalizou joint-venture com a multinacional espanhola Dragados Obras Y Proyectos para atuar em obras de infraestrutura no Brasil. Após reestruturação societária, o Grupo Via, composto pela Via Engenharia e Via Empreendimentos Imobiliários, passou a ser controlado integralmente pelo sócio-fundador, o engenheiro Fernando Queiroz.

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