postado em 10/08/2019 04:07
Ontem foi meu aniversário, que sempre cai perto ou no próprio Dia dos Pais. Apesar de, quando criança, achar curioso a minha mãe marcar minha festinha justamente no Dia dos Pais, nunca tinha ido atrás de saber por que essa data é comemorada no segundo domingo de agosto. ;Deve ser algo do comércio;, pensava, e me satisfazia com a suposição.
Talvez por ter tido a manhã livre, talvez por este ser o quinto Dia dos Pais sem meu pai, resolvi ir atrás da resposta. E vi que estava, em parte, certo. A data, no Brasil, foi mesmo criada por um publicitário, Sylvio Behring, que, pela iniciativa, nos anos 1950, ganhou até prêmio. Ele escolheu 16 de agosto, o dia em que os católicos, à época, celebravam São Joaquim, o pai de Maria, avô de Jesus. As coisas foram se ajeitando, e o segundo domingo de agosto acabou sacramentado como o Dia dos Pais.
A origem da história, contudo, é bem menos comercial, e motivada pelo mesmo sentimento que me toca hoje: a saudade. Informou-me uma matéria da BBC que a primeira homenagem aos pais de que se tem notícia foi uma forma de dar apoio às famílias de trabalhadores que morreram na explosão de uma mina de carvão na cidade de Monongah, nos Estados Unidos, em 1907. O desastre tirou a vida de 250 pais. No ano seguinte, uma mulher chamada Grace Golden Clayton organizou uma celebração na igreja metodista de uma cidade vizinha para que se ressaltasse a importância da figura paterna e para os filhos homenagearem seus pais mortos.
Alguns anos se passaram quando outra mulher, também nos Estados Unidos, teve ideia semelhante. Em 1910, Sonora Smart Dodd ouvia, na igreja que frequentava, um sermão do Dia das Mães, mas não parava de pensar no finado pai, que, ao ficar viúvo ainda jovem, havia criado sozinho seis filhos. Por que não havia um dia para que ela se lembrasse do pai? Assim, organizou, em 19 de junho, data do aniversário de seu pai, uma festa dedicada a todos os pais.
Adoro voltar às origens das coisas. Para entender algo, nada melhor que conhecer sua história, especialmente a forma como nasceu. Descobrir a história do Dia dos Pais me emocionou porque vi que seu significado inicial é muito próximo ao que eu dou à data hoje. Desde que seu Oscar se foi, o segundo domingo de agosto é um dia não de dar presente, mas de recordá-lo e me surpreender com sua sabedoria.
Sim, uma coisa que constatei, surpreso, depois da morte do meu pai, é que ele tinha mais razão do que eu me permitia ver quando ele ainda era vivo. Na sempre conturbada relação entre pai e filho ; na qual amor, proteção e cuidado se misturam com broncas, discordâncias e competição ;, às vezes fica difícil enxergarmos a sabedoria daquela figura que é nosso pai. Com a ausência dele, porém, pude enxergar como certas coisas que ele dizia e eu ouvia meio ceticamente acabavam por se confirmar.
Hoje, fazer aniversário em uma data na qual os comerciais nos lembram a todo momento do Dia dos Pais tornou a relação com essa celebração ainda mais especial. Envelheço com meu pai mais presente do que nunca, ressoando dentro de mim a todo instante. Obrigado pela vida, pela proteção e pelas lições que ainda estou aprendendo, pai. Um beijo.