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Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 11/08/2019 04:06
Cecília da Costa faz doces e declama poemas de Cora Coralina


O costume de escrever poesia, declamar e fazer doces cristalizados é mantido por mulheres de idades e classes sociais variadas na Goiás de Cora Coralina. Todas trabalham de forma

independente. Muitas fazem e vendem seus produtos em casa. São extrativistas de cajuzinho, murici, cagaita, cajazinho. Mas um grupo decidiu se unir em uma associação para trocar experiências, expandir a mente e os negócios.

Batizado de Mulheres Coralinas, o grupo surgiu em 2016. Ele nasceu como projeto de apoio a mulheres contra a violência doméstica. Teve como inspiração Cora Coralina por ela ter sido uma mulher que venceu muitos obstáculos em função das suas habilidades e do empreendedorismo.

Antes de fundarem uma associação, as primeiras coralinas passaram por um treinamento, de 2014 a 2016. Nos dois anos, as 150 mulheres formadas pelo projeto receberam orientação e, acima de tudo, ganharam voz. Elas tiveram a oportunidade de contar as suas histórias e aprender em oficinas de artesanato.

Ao fim da experiência, 70 decidiram se manter unidas e criar a associação. Deram o maior passo em 2017, ao ocupar uma loja no antigo Mercado Central da cidade. No pequeno mas charmoso e aconchegante espaço, elas expõem doces e artesanatos de diversos tipos, tudo aliado aos versos de Cora.





Artistas

Cecília Souza Santos da Costa, 74 anos, também é uma das mais ativas coralinas. Doceira de mão cheia, ela adora declamar os poemas da mulher que a inspirou. E faz questão de deixar claro que nem todas ali foram vítimas de violência. ;Eu me casei aos 72 anos com um homem carinhoso. Ele me trata como se eu fosse uma princesa;, relata a contabilista aposentada, que faz doce duas ou três vezes por semana.

Por outro lado, Maria Sebastiana da Silva Santa, 61, não esconde as dificuldades da vida como bordadeira, doceira e escultora de argila. ;Sempre trabalhei muito. Com as minhas habilidades, criei a minha família e construí a minha casinha;, observa. ;Com as Mulheres Coralinas, mudei o meu jeito de pensar. Eu era uma mulher muito retraída, não tinha opinião. Hoje, só faço o que quero. Aqui, aprendo e ensino;, emenda.

Janice do Carmo Almeida Beltrão, 56 anos, também começou a trabalhar cedo. Fazendo bordado, crochê e salgados, criou os três filhos ao lado do marido relojoeiro. Com as Coralinas, aprendeu outras técnicas e a valorizar os seus produtos. ;Tenho orgulho quando vendo uma peça!”, ressalta. Além da história, a loja das Mulheres Coralinas tem um grande diferencial: é uma das duas entidades autorizadas a fazer e vender produtos com a imagem e os versos de Cora. (RA)



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