postado em 11/08/2019 04:06
A simplicidade e a pequena estatura de Cora Coralina não combinam com o tamanho e o peso de seu nome. Sobretudo 130 anos após o nascimento da poetisa e doceira. ;Uma mulher além do seu tempo, que mesmo enfrentando dificuldades, preconceitos, acreditou nos valores humanos. Sempre recomeçando. A cidade se alegra em 20 de agosto, a semente foi lançada em terra fértil. Celebrar os 130 anos de nascimento de Cora é, acima de tudo, relembrar a importância que ela tem para a sua cidade natal. E Cora hoje não pertence à velha Goiás, ela é do mundo;, afirma Marlene Velasco, antiga amiga da poetisa e diretora do Museu Cora Coralina.
No dia 20 próximo, o espaço, dedicado à memória de Cora e toda Goiás Velho homenageiam a conterrânea. A data também marca os 30 anos do museu, espaço de 3 mil m; que inclui o quintal onde Cora plantava as frutas usadas em seus famosos doces cristalizados e onde viveu boa parte da vida. ;Ela mesma queria que esse dia fosse lembrado como dia de confraternização, de amizade entre os povos, por isso ela criou o Dia do Vizinho, que comemoramos desde 1980;, ressalta Marlene.
A programação tem início com uma tradicional cavalgada que percorrerá o Caminho de Cora, indo das ruínas do antigo Arraial de Ouro Fino ; um dos primeiros povoados da região, localizado a cerca de 10 quilômetros da GO-070 sentido Goiânia/Cidade de Goiás ; com chegada prevista no museu da poetisa. O governador do estado, Ronaldo Caiado (DEM), estará presente para lançar, oficialmente, o Ano de Cora Coralina. Os Correios também aproveitaram a data para homenagear a poetisa com um selo comemorativo. Por fim, haverá uma missa em ação de graças no Santuário Nossa Senhora do Rosário e a partilha de um bolo. Uma serenata com o músico Marcelo Barra encerra o dia.
O casarão onde Cora morou da infância ao início da juventude e, depois, na velhice, expõe fotos da poetisa, seus móveis e alguns objetos pessoais. Funcionários bem treinados descrevem em detalhes a trajetória da moradora. O imóvel é a atração mais visitada de Goiás Velho, considerada Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) desde 2001.
Mineração
A cidade de Goiás ganhou o título por preservar o casario que testemunhou a ocupação e a colonização das terras do Brasil central ao longo dos séculos 18 e 19. O traçado urbano é um exemplo do desenvolvimento orgânico de uma cidade mineradora, adaptada às condições da região, segundo a Unesco. Ainda que modestas, tanto a arquitetura pública quanto a arquitetura privada formam um todo harmonioso, graças ao uso coerente de materiais e técnicas locais, destacou a entidade ao tombar a cidade.