Cidades

Uma vida de obstáculos

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 11/08/2019 04:07


Batizada Anna Lins dos Guimarães Peixoto, Cora Coralina nasceu na cidade de Goiás em 20 de agosto de 1889. Filha de Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, desembargador, nomeado por Dom Pedro II, e de Jacinta Luísa do Couto Brandão, uma dona de casa, ela cursou apenas até a terceira série do curso primário.

Aos 15 anos, Anna publicou os primeiros versos em 1908, no jornal de poemas A Rosa, criado com algumas amigas. Em 1910, seu conto Tragédia na Roça foi publicado no Anuário Histórico e Geográfico do Estado de Goiás, com o pseudônimo de Cora Coralina. Em 1911, ela fugiu, grávida de gêmeos ; a escritora teve seis filhos, mas dois não sobreviveram ; com o advogado Cantídio Tolentino Bretas, casado com outra mulher. Eles se mudaram para Avaré, no interior de São Paulo. Em 1922, Cora foi convidada para participar da Semana de Arte Moderna, mas o marido a impediu.

Cora e Cantídio só se casaram em 1925, quando ele ficou viúvo, pois à época não existia o divórcio. Quando o marido morreu, Cora vendeu linguiça, banha, livros, fez doces para vender e trabalhou na roça para criar os filhos. Considerava os doces cristalizados de caju, abóbora, figo e laranja, que encantavam os vizinhos e amigos, obras melhores do que os poemas escritos em folhas de caderno. Quando os filhos cresceram, ela decidiu voltar para Goiás, em 1946.

O primeiro livro da poetisa só foi publicado em 1965, Poemas dos becos de Goiás e estórias mais. Mas a escritora obteve reconhecimento aos 75 anos, quando Carlos Drummond de Andrade elogiou publicamente os versos da vovozinha lírica em um artigo, publicado no Jornal do Brasil

Em vida, ela publicou mais dois livros: Meu livro de cordel, em 1976, e Vintém de cobre ; meias confissões de Aninha, em 1983. Sua poética ganhou notoriedade em 1980. Sua chegada à literatura brasileira não lhe tirou nem a simplicidade, nem a ode às raízes nem mesmo a batalha pela emancipação feminina. Cora Coralina morreu em Goiânia, devido às complicações de uma pneumonia, em 10 de abril de 1985. (RA)

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