postado em 12/08/2019 04:06
Professor e pesquisador da área de segurança pública, o coronel da PM Nelson Gonçalves assumiu o cargo de subsecretário de Planejamento e Capacitação da Secretaria de Segurança Pública entre 2008 e 2010. Ele fez a primeira pesquisa de avaliação dos postos de segurança. ;Naquela época, se observou que as estruturas foram instaladas sem qualquer estudo, onde não resolveria, e gerava imobilização do efetivo. Na proposta que o governador queria, precisaríamos de pelo menos mais 9 mil policiais somente para esses pontos;, reforça.
Segundo Nelson, a ideia dos postos funciona de forma efetiva em outros locais do Brasil e do mundo. A ideia nasceu no Japão e traz resultados positivos. No país, a Polícia Militar de São Paulo foi uma das primeiras a implementar as unidades, mas o pesquisador lembra que, quando o DF começou o projeto, a capital paulista ainda não tinha 100 postos funcionando. ;Isso porque eles faziam um estudo muito minucioso, e o posto só era instalado onde, de fato, era adequado para segurança ao redor da comunidade;, destaca.
Em Brasília, Nelson conclui que o projeto teve conotação política. ;Não houve qualquer estudo efetivo e se colocou onde não se resolveria o problema. Os endereços não foram tecnicamente selecionados, mas, sim, politicamente;, acrescenta.
Na opinião dele, uma forma de utilizar as estruturas ainda existentes é como postos de referência comunitária com serviços básicos, como atendimentos públicos do Na Hora. ;Seriam postos de referência de diversos serviços do estado. A população ficaria melhor servida, e as unidades estariam tecnicamente instaladas de um jeito certo. Mas o que temos hoje é dinheiro público jogado fora e pessoas que não sabem bem o que fazer com isso;, lamenta.
A reportagem procurou a Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Militar. A corporação informou que tem substituído os postos de segurança por policiamento a pé, além de uso das viaturas e bases móveis. Mas a instituição não respondeu aos questionamentos sobre quantidade de unidades vandalizadas desde 2015 e o número de postos doados a partir de 2016. Também não houve retorno sobre onde alguns ainda permanecem e por qual motivo não foram retirados.