Cidades

Ação busca aumentar cobertura vacinal contra sarampo no Distrito Federal

Em meio ao surto no país, que ocupa o segundo lugar no número de infectados nas Américas, a cobertura vacinal da capital federal preocupa

Bruna Lima
postado em 18/08/2019 07:00
Em meio ao surto no país, que ocupa o segundo lugar no número de infectados nas Américas, a cobertura vacinal da capital federal preocupa Uma doença controlada há 20 anos pode voltar a ameaçar o Distrito Federal. O sarampo ressurgiu em quatro estados brasileiros, contabilizando 1.388 casos desde a primeira semana de 2019. Três brasilienses são suspeitos de contrair a doença, importada de São Paulo. Em meio ao surto no país, que ocupa o segundo lugar no número de infectados nas Américas, a cobertura vacinal da capital federal preocupa. Está aproximadamente 10% abaixo da meta, o que significa maior facilidade para a proliferação do vírus, de acordo com a Secretaria de Saúde do DF.

A tríplice viral, vacina que garante a imunização contra sarampo, caxumba e rubéola em crianças de 1 ano de idade, foi aplicada em 84,4% da população infantil, até a última atualização da Secretaria de Saúde, relativa ao primeiro semestre deste ano. Para estar imunizada contra as doenças, é necessária a segunda dose, aplicada aos 15 meses, que vem acompanhada da cepa contra varicela. NesSe caso, o índice de proteção cai para 83%. Para garantir um bloqueio adequado, a meta é atingir 95% do público-alvo.

;O sarampo é uma doença altamente contagiosa. A estimativa é de que uma pessoa infectada consiga transmitir o vírus para outras 18. Estar com a caderneta de vacinação em dia é imprescindível para evitar que o DF seja exposto a essa ou outras doenças;, alerta a gerente de Vigilância das Doenças Imunopreveníveis e de Transmissão Hídrica e Alimentar, Renata Brandão.

Distribuição


Ainda não há uma campanha de vacinação específica na capital. No entanto, os surtos em São Paulo, que concentra 99,5% das confirmações, têm aumentado a vigilância local e levado mais pessoas a procurarem os postos de saúde. A distribuição mensal da tríplice viral, segundo dados da Saúde, é de 12 mil doses. Com o alerta, o número subiu para 17 mil, somente na primeira quinzena de agosto.

A professora Sandra Cunha, 48 anos, viajará nas próximas semanas e, por isso, resolveu conferir se alguma vacinação estava pendente. ;Vou para Roraima e, por mais que lá não tenha registro de sarampo, terei contato com pessoas de outros países, justamente por ser um estado fronteiriço;, explica. Ela precisou tomar uma dose da tríplice viral e uma antitetânica.

Na juventude, Sandra teve contato com várias pessoas que sofreram as consequências de doenças como sarampo, poliomielite e rubéola e, pela lembrança do impacto causado, visualiza a importância da vacinação. ;Essa nova geração de adultos não teve contato com essas doenças, nunca viu e, por isso, acabam não se atentando à importância de se imunizar. A gente não pode deixar esses vírus voltarem a circular;, afirma.

Sempre procurando manter a cartilha de vacina completa, a estudante Aline Marcolino, 20, incentivada pela mãe, compareceu ao posto de saúde. ;Na minha casa, a gente sabe da importância da vacina. Participamos de todas as campanhas e quando a dose não é disponibilizada pela rede pública, recorremos à privada. Achava que já tinha tomado a vacina contra o sarampo e descobri que não;, conta. Isso porque, na infância, Aline havia sido imunizada com uma dupla viral. Agora, ela recebeu a primeira dose da tríplice e, daqui um mês, terá que retornar ao posto para a última fração.

Bloqueio


Três brasilienses que foram ou tiveram contato com pessoas de São Paulo podem ter contraído o sarampo. Eles apresentam os sintomas, que são febre e manchas avermelhadas pelo corpo, acompanhadas de um ou mais dos seguintes sinais: tosse, coriza e/ou conjuntivite. A confirmação só sai entre uma semana e dois meses. A vigilância trabalha para bloquear as chances de uma possível proliferação do vírus. Enquanto isso, os três estão isolados em suas respectivas residências.

Os agentes de saúde recomendam que o paciente evite contato até que a suspeita seja descartada, por meio de exames laboratoriais. Todas as pessoas do ciclo são entrevistadas e imunizadas, caso não estejam com a caderneta atualizada. A doença alcança adultos e crianças e pode evoluir para óbito, em casos de complicações.

Como medida de prevenção, após o reaparecimento da doença, está a aplicação da ;dose zero;. A recomendação recente do governo federal é de que crianças de 6 meses a menores de 1 ano, que moram ou vão a locais onde há surto de sarampo, sejam vacinadas, pelo menos 15 dias antes da data prevista para a eventual viagem. Esta, no entanto, é uma dose extra e não deve interferir na rotina prevista no Calendário Nacional de Vacinação.

Todos os profissionais de saúde, independentemente da idade, devem receber as duas doses da tríplice viral. A estudante de medicina da Universidade de Brasília Verônica Melo, 25 anos, está em São Paulo fazendo um estágio em cirurgia. Devido à exposição, precisou receber a vacina. ;É uma proteção pessoal e também para as pessoas que terei contato quando voltar a Brasília, de forma a não retransmitir o vírus;, diz.

Outra estratégia preventiva adotada pelo governo local foi a oferta do serviço de vacinação no Aeroporto Internacional de Brasília, que começou a funcionar esta semana, atendendo funcionários que trabalham no local. A secretaria montou um posto volante, em uma sala do mezanino do terminal ao lado do embarque.

A vacina contra o sarampo é encontrada em todos os postos de saúde. As pessoas com idade de 1 a 29 anos e que não foram vacinadas anteriormente, ou que não têm como comprovar a imunização, recebem duas doses da tríplice viral, com intervalo de 30 dias entre elas. Para quem tem entre 30 e 49 anos é aplicada apenas uma dose. Após essa idade, o Ministério da Saúde não disponibiliza as vacinas.

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