Jornal Correio Braziliense

Cidades

Motoqueiro fere ciclistas

Após discutir com um grupo de triatletas que pedalava no Lago Sul, condutor de moto empurrou um deles, que atingiu outro. Uma das vítimas sofreu pneumotórax. Acusado fugiu, mas foi preso horas depois


Um motociclista provocou um acidente de um pelotão de ciclistas que pedalava entre a QL 16 e a QL 18 do Lago Sul, na manhã de ontem. O condutor da moto, um homem de 34 anos, teria ficado incomodado com a presença do grupo e, após uma discussão, empurrou o primeiro ciclista, de 36 anos, que caiu e atingiu o colega, de 29 anos. As vítimas foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros e encaminhadas ao Hospital de Base.

O ciclista mais velho teve um caso de pneumotórax ; acúmulo de ar entre o pulmão e a pleura ; e precisou ser tratado com a ajuda de um dreno. Em seguida, ele foi transferido para um hospital particular, na L2 Sul. A segunda vítima bateu a cabeça e teve escoriações, mas recebeu alta no início da tarde. Os dois seguem estáveis.

O motociclista ; que pilotava uma Yamaha XPZ 250 preta e transportava a mulher dele na garupa ; fugiu do local, mas foi encontrado por volta das 17h30 por investigadores da Coordenação de Repressão a Homicídios e de Proteção à Pessoa (CHPP) da Polícia Civil. Preso em flagrante, ele será indiciado pelos crimes de tentativa de homicídio, fuga do local do acidente e omissão de socorro.

Ciclofaixa
O pelotão estava dividido em dois grupos. O primeiro, em velocidade mais alta, tinha cerca de 25 ciclistas, separados em duas filas. Mais atrás, havia um grupo mais lento. A equipe, composta por triatletas, costuma pedalar três vezes por semana. Eles seguiam em um percurso, com início e fim na Asa Norte, havia uma hora e 10 minutos. No momento em que as vítimas sofreram o acidente, os ciclistas seguiam pela ciclofaixa.

Técnico do segundo grupo da equipe, o educador físico João Carlos Almeida deu detalhes sobre o momento do acidente e criticou a atitude do motociclista: ;O homem que estava na moto ficou para trás, por causa de um semáforo, e, depois de o sinal abrir, veio com a perna esticada, derrubando os dois primeiros das duas filas.;

João Carlos acrescenta que a equipe tem triatletas de vários níveis e que o percurso estava previsto para durar duas horas e ter 70 quilômetros de extensão. ;É preciso ter um mínimo de respeito no trânsito. Temos de seguir regras. Imagine como o motociclista teria se sentido se passasse por algo parecido com um carro;; comenta.

Velocidade
Coordenador da CHPP, o delegado Fernando César Costa afirma que o grupo seguia a cerca de 40km/h, no sentido Barragem do Lago Paranoá-Aeroporto Internacional de Brasília. ;A situação foi preocupante porque a queda ocorreu quando eles estavam em alta velocidade. Essas bicicletas costumam transitar em velocidade acima dos 30km/h. Até para evitar lesão a pedestres, eles precisam usar a via pública. O certo seria a moto passar a 1,5m de distância deles, mas isso não foi respeitado;, destacou Fernando César.

O delegado acrescenta que a mulher do suspeito chegou a pedir para que ele não discutisse com os demais e que ;tentou evitou ao máximo qualquer desentendimento;. O motociclista trabalha como porteiro e foi encontrado em uma residência do Lago Sul, onde fazia um trabalho de pintor. Ele não tinha antecedentes criminais.

Memória
Policial sacou arma
Em fevereiro de 2016, um cabo da Polícia Militar se desentendeu com um grupo de 15 ciclistas que treinava na pista principal do Lago Sul. O PM, que dirigia um Jac J2 chumbo, emparelhou o veículo com as bicicletas e deu início a uma perseguição. Ao parar no acostamento, ele sacou uma pistola preta e chamou os atletas para ;conversar;.

O cabo foi ouvido pela Corregedoria da PMDF, que defendeu que, pelo fato de o militar estar à paisana, a atitude deveria ser considerada crime de natureza comum.