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Crônica da Cidade

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 22/08/2019 04:08
O golpe do casaco de couro

;Meninas, foi nesse grupo que postaram sobre o golpe do casaco de couro?; A pergunta foi lançada, há alguns dias, em um grupo de mães do Facebook. Se estava desconfiada com alguma oferta com que se deparou pelas ruas do Guará, a dona do post pode ainda não ter se livrado da indecisão. Ao compartilhar a dúvida, deu clique para todo o tipo de resposta. Menos a que procurava.

Houve quem lançasse outra questão. Talvez para saber exatamente qual nova ameaça rondava a cidade. ;Que golpe é esse?;, preocupou-se a vizinha virtual. ;Eles te abordam em um estacionamento e oferecem jaquetas de couro bem baratas, mas não é couro;, alertou outra.

Ela tem razão. Em tempos de crise, pagar R$ 250, em vez de R$ 400, por um produto vindo do Sul, onde realmente entendem de frio, é, no mínimo, tentador. Uma mãe mais detalhista fala do desconto e das facilidades de pagamento. ;Dividem no cartão e em 10 vezes sem juros.;

Parece que o atrativo funciona. Fizeram fila no Setor de Autarquias para aproveitar a pechincha, contou a mãe ;que trabalha lá perto;. No mês, passado, em um estacionamento de um supermercado no Sudoeste, ;racharam de vender;, completou outra. Dependendo do local, os preços são ainda mais convidativos. Em Planaltina, são R$ 160. E se o vendedor não tiver ponto certo, fica ainda mais barato. ;Uns ciganos que rodam Brasília chegam oferecendo por R$ 400. Se você falar que só tem R$ 120, eles vendem.;

Vieram outras dicas, como uma espécie de truque para não cair no golpe. O teste, segundo a mãe participativa, vale para qualquer coisa de couro. ;Pega um isqueiro ou fósforo e coloca fogo em um pedacinho. Se não queimar, é;, ensinou. Foi um vendedor que a explicou. O homem fez a prova de fogo na frente da cliente para comprovar que ela estava comprando um produto legítimo. Ela não disse se se convenceu..

Nem teve tempo. Surgiram rapidamente comentários para enfraquecer a estratégia antigolpe. ;Existem produtos que passam nos casacos e eles não queimam, mas não são couro;, alertou uma senhora. ;Eu vi o relato de uma moça. Estavam em uma caminhonete. Daí, testaram em uma jaqueta que deveria ser de couro mesmo, mas venderam outra;, contou a mais desconfiada.

Era o que precisava para as carinhas ganharem o lugar das letras. Choveram olhos esbugalhados no grupo das mães. Assim como convites e alertas para quem ainda não tinha entrado na conversa. Inclusive para amigas e conhecidas que não são do Distrito Federal. Como um verdadeiro diz que me diz não tem consenso nem hora para acabar, parece que as mães do Guará e das redondezas virtuais têm ainda muito o que conversar.





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