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Domingo é o dia do feirante; conheça quem leva comida à mesa do brasiliense

Conheça histórias desses trabalhadores que se dedicam a levar bons alimentos para a mesa do brasiliense

Bruna Lima
postado em 23/08/2019 06:00
Há sete anos na 307/308 Sul, Daniel fez do ponto sua segunda casaAcordar cedo, antes mesmo de qualquer raio de sol. Quando o galo inicia os primeiros cantos do amanhecer, a barraca já está montada, abastecida com frutas, verduras e alimentos dos mais variados tipos. A camisa suada e o corpo quente, enquanto boa parte dos trabalhadores ainda se esforça para levantar das camas. Com tudo pronto, é hora de ver o dia amanhecer e receber os clientes com disposição e sorriso no rosto. Para quem trabalha como feirante, o ritual é mais que uma rotina. É um estilo de vida.

Em 25 de agosto é comemorado o Dia Nacional do Feirante. Mas para Daniel Assis, 40 anos, não tem dia do ano que não seja dele. Às 3h30 sai de casa, em Alexânia (GO), com o caminhão carregado de hortaliças, que ele e a família plantam, cultivam, colhem e vendem, como forma de sustento. Antes de chegar ao destino final, na 307/308 Sul, faz uma parada para trocar produtos com outros feirantes.

;A gente não consegue produzir tudo, então, a gente oferece os nossos em troca de outros para que o cliente consiga encontrar tudo o que precisa na nossa barraquinha;, explica Daniel. Há sete anos no mesmo ponto, ele diz ter feito mais que clientela. ;Esse cantinho é minha segunda casa e essas pessoas já são da família. Por isso, eu cuido dos meus clientes, oferecendo alimentos de qualidade. Eu vendo saúde e isso é muito gratificante;.

Moradora da quadra, a dona de casa Helen Vale, 43, é cliente assídua e gosta de aproveitar o tempo das compras para ter uma boa conversa. ;É tudo muito gostoso, fresquinho e dá muito mais vontade de cozinhar. Mas o que eu não abro mão é do atendimento. Os meninos cuidam da gente até quando estamos doentes. Dizem qual alimento é bom para o que, ensinam receitinhas. É um contato que, nos tempos de hoje, a gente acaba perdendo. Aqui não;, brinca.
Além dos produtos fresquinhos, Helen não abre mão do atendimento

Os laços e as raízes que criou no ponto de vendas não é motivo para se manter estagnado. É o que afirma o feirante Claudimar Mendonça, 41 anos, sócio e cunhado de Daniel. ;Hoje, a gente percorre Brasília com nosso serviço de delivery. É necessário observar as novas demandas para garantir atendimento. Até porque vivemos e respiramos isso, então não dá para acomodar;.

Rede parceira

Ficar estagnada também nunca foi opção para a feirante Luzinei Moraes, 45. Há 20 anos ela trabalha no ramo e, mesmo depois de ver a própria banquinha e de outros 23 colegas serem consumidas pelo fogo e perder tudo, não desistiu. ;Parecia um pesadelo, mas foi real. Com dois filhos para criar, foi um momento muito difícil. Eu me reergui pela minha família, fazendo o que eu gosto;.
A feirante Luzinei perdeu tudo durante um incêndio na feira onde tinha um box, mas deu a volta por cima

Em quatro dias da semana, Luzinei se instala em diferentes pontos da Asa Norte e do Colorado para vender hortifrutigranjeiros orgânicos de diferentes produtores do Distrito Federal e Entorno. Antes das 6h, um caminhão carregado chega até a tenda e, com a ajuda de outros colaboradores, organiza os produtos sobre as prateleiras móveis. ;Tenho prazer em atender as pessoas, ao ar livre, sem estar presa em um local fechado. Vendendo alimentos fresquinhos, eu consigo frescor à minha vida;, diz.

Assim como Daniel, Claudimar e Luzinei, outras 30 mil pessoas exercem a profissão em uma das mais de 70 feiras livres e permanentes no DF, segundo dados do Sindicato dos Feirantes do DF (Sindifeira). ;É um segmento unido, em que vários produtores trabalham de forma cooperativa para conseguir melhorar as vendas;, afirma o presidente do Sindifeira, Francisco Valdenir Elias.
A banquinha de Claudimar oferece serviço de delivery
São aproximadamente 100 mil pessoas que dependem, direta ou indiretamente, da renda das vendas nas feiras para garantir o próprio sustento e o da família. ;Não é só o consumidor que ganha. Ele valoriza essa produção local e faz girar a economia, garantindo a subsistência de tantas pessoas que se dedicam a oferecer alimentos fresquinhos e de qualidade;, argumenta Francisco.

Incêndio

Em 2 de outubro de 2012, um incêndio consumiu completamente um galpão de palhoça onde eram vendidos produtos orgânicos, próximo ao Posto Flamingo, na subida do Colorado. O galpão, que abrigava o Empório Rural do Flamingo, tinha aproximadamente 400m; e contava com 24 boxes. A feira estava fechada no momento do incêndio, mas várias geladeiras, fogões e peças de artesanato foram destruídos pelo fogo.

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