postado em 23/08/2019 04:07
As pessoas e os números quebradosLi, ontem, que norte-americanos concluíram que a maioria das pessoas tem predileção por número redondos. Segundo pesquisadores da Universidade Estadual de Washington, preferimos ouvir que perdemos 10 quilos do que escutar que perdemos 11,5. ;Acertar um número redondo faz com que a gente se sinta mais completo;, justificou um dos cientistas. Sei não;
Lembrei-me na hora de um encontro cheio de números quebrados que tive recentemente. Eram 8h25. Cheguei atrasada à casa de uma amiga na 306 Sul. Sexto andar, 603, em um apartamento cuja dona também costuma ter problemas com a exatidão das horas. Faltava pouco mais de 30 minutos para o compromisso, e a caçula dela ficou fazendo sala sem tirar o olho do celular. Arrisquei uma conversa:
; Como vai a escola?
; Mais ou menos. Tirei seis e meio em português e estou de recuperação.
; Com seis e meio?
; Na minha escola, a média é sete.
; Mas está pertinho. É só meio ponto...
; Tia, se fosse um concurso ou um vestibular, eu não teria passado.
Arregalei os olhos. Os delas se voltaram, em milésimos de segundo, para a tela do telefone. Esperei mais um pouquinho e tentei de novo:
; Sua mãe está demorando;
; Meu pai diz que ela fica mais de duas horas no banho. Ela diz que não.
; E o que você acha?
; Não sei. Às vezes, sim. Às vezes, não. Mas eu só posso ficar cinco minutos no banho.
; Por quê?
; Pra cuidar do meio ambiente.
; Isso é importante.
; Se a temperatura aumentar só um grau, a Terra vai ficar quente. Muito mais do que foi hoje!
A mãe da pequena contadora chegou para interromper a conversa:
; Já pedi o Uber. Ele chega em sete minutos.
Descemos e, assim que entramos no carro, o motorista perguntou se tínhamos dinheiro trocado. Pelo aplicativo, a corrida custaria R$ 23.
; Sim. Podemos ir pela 105 e pegar a L2?
O destino era o Píer 21, no Trecho 32 do Setor de Clubes Sul. Definitivamente, em Brasília, não somos gente de número redondo.