postado em 26/08/2019 04:06
Georgina Evaristo, 70 anos" />
Para quem segue à risca a expressão ;até que a morte nos separe;, é um privilégio envelhecer ao lado do cônjuge. Além das intempéries normais de um casamento, manter a sexualidade viva é um desafio ao longo das décadas. Contudo, não é impossível, como garante Georgina Evaristo, 70. Casada há 45 anos, a moradora de Ceilândia explica, com naturalidade, que ser idoso não é motivo para deixar de amar.
;É preciso ter jogo de cintura;, afirma. ;É possível manter a vida sexual ativa. Claro, de forma mais leve, mais lenta, mas o desejo ainda existe. Óbvio que não é a mesma coisa da juventude, mas há muito carinho, amor e união. E isso é o bastante;, ressalta. Georgina descarta, com humor, a ideia de tabu e ressalta que cada um vive como quer. ;Eu nunca tive pavor da velhice e sempre achei gostoso dizer a idade que tenho. Já fui criança, adolescente e, agora, quero viver a fase em que estou;, acrescenta.
Psicóloga e professora da graduação e da pós-graduação em psicologia da Universidade Católica de Brasília (UCB), Eduarda Rezende Freitas explica que a sexualidade faz parte dos fatores que garantem qualidade de vida.;Muitas pessoas entendem apenas como relação sexual, mas é muito mais que isso. Se queremos pensar em uma velhice bem vivida, temos de rever preconceitos e estereótipos sobre a sexualidade. E isso passa por diferentes áreas, inclusive pelas instituições que abrigam idosos. Como isso acontece nelas?;, questiona.
Eduarda defende que as famílias precisam entender que a inversão de papéis, com viés de superproteção, não é saudável para a autonomia nem para a independência dos idosos. Ela alerta, ainda, para problemas de saúde mental comuns entre idosos. ;Muita gente tenta naturalizar a depressão na velhice, como se fosse normal. Não é. E é altamente tratável. Há alguns fatores que podem prevenir a doença nessa fase, como atividades de lazer, de apoio social, exercício físico, relações boas com familiares e alimentação saudável;, elenca a professora.
Às pessoas próximas, cabe a missão de estimular os idosos e de evitar desencorajá-los em atividades que são capazes de fazer. ;É superimportante que nos atentemos ao fato de que eles podem aprender e se desenvolver. Todas essas atividades estimulam a comunicação entre neurônios e permitem novas conexões;, diz. ;É um processo fundamental, que se dá por meio da aprendizagem; não só a formal, mas também aquela que resulta de uma conversa com uma pessoa que conhece sobre um assunto que você não domina;, aponta Eduarda.
O que diz a lei
Direitos garantidos
O Estatuto do Idoso (Lei n; 10.741/2003) regula os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. A legislação prevê que o poder público deve garantir, com prioridade, o direito à vida, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária a essa população. Também fica estabelecido que nenhum idoso poderá sofrer qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e que todo atentado aos direitos deles, por ação ou omissão, será passível de punição legal. Cabe aos cidadãos o dever de comunicar às autoridades competentes qualquer forma de violação à lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento.