Cidades

Secretária da Mulher reforça necessidade de a vítima de violência denunciar

Ericka Filippelli participou do CB Poder, programa da TV Brasília em parceria com o Correio, nesta quarta-feira (28/8)

Deborah Fortuna
postado em 28/08/2019 16:14
foto da secretaria da mulher, ericka filippelli A secretária da Mulher, Ericka Filippelli, garantiu que o governo do Distrito Federal está preparado para acolher mulheres em situação de violência doméstica ; desde atendimentos psicossociais até a processos judiciais. O mais importante, no entanto, é que a vítima denuncie o agressor. ;Se ela não fizer isso, o poder público não pode agir;, disse.
Filippelli participou do CB Poder, programa da TV Brasília em parceria com o Correio, nesta quarta-feira (28/8). O encontro ocorre um dia após o enterro da advogada do Ministério da Educação Letícia Curado, morta pelo cozinheiro Marinesio dos Santos Olinto, na última sexta-feira (23/8), antes de ir para o trabalho.
A pasta trabalha com o número de 15 mulheres vítimas de feminicídio no DF até o mês de agosto neste ano, sem contar o caso da Letícia e todos os relacionados, que ainda estão sendo investigados.
"Esse caso que vimos, é um caso completamente fora do que a gente estuda, do que a gente entende e luta de políticas públicas preventivas. O crime de feminicídio é um crime de difícil prevenção, mas de fácil elucidação;, explica Filippelli.

Uma pesquisa da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) mostra que a maioria das vítimas de feminicídio é morta pelo próprio companheiro ou ex-marido. "Infelizmente, esse caso vai ser muito importante para que outros sejam vistos de outra forma", acrescenta.
A secretária também admitiu que o governo tem que trabalhar para construir espaços mais seguros. "Se uma cidade for segura para mulheres, vai ser segura para todos. O que identificamos é que a partir do caso Letícia, aconteceram outros casos, e o governo realmente precisa trabalhar e melhorar isso", disse.
E mesmo quando há fatores de risco, é preciso garantir que a vítima não seja culpabilizada pelo crime. "A vítima é vítima, não culpada. Porque se não, justificamos todos os crimes e mais uma vez reforçamos uma cultura machista. Não é isso que queremos traçar como estratégia", garantiu.
Para trabalhar a questão do feminicídio e violência contra a mulher, a secretária destaca que é preciso integrar-se com outras pastas do governo, como por exemplo, a Secretaria de Segurança Pública, e até com iniciativas privadas. "Hoje, temos uma secretaria de estado que tem poder para articular com outras pastas. E isso é muito importante: colocar a questão do feminicídio, da violência doméstica, e de trabalhar a promoção da mulher, no mesmo patamar de outras pastas. A gente tem visto o resultado dessas parcerias", afirmou.
Ericka Filippelli destaca a atuação do trabalho das secretarias nas escolas, ao orientar crianças e jovens sobre a questão da violência; nas comunidades, ao colocar assistentes para conversar com a comunidade; e até nas universidades, no sentido de conseguir parcerias para pesquisas.

Números

Apesar das denúncias de violência contra com 2018, a secretária explica que o governo vê os dados de forma positiva. "O número de denúncias aumentar não é um alerta de preocupação. O que nos alerta é o aumento do feminicídio. Hoje, a gente está com um número semelhante ao do ano passado. Então, precisamos trabalhar bastante ainda para que as pessoas tenham a coragem de denunciar, mas mais que isso, para que a gente possa implementar essas medidas protetivas;, afirmou.
Sobre as estimativas de orçamento para o combate à violência no próximo ano, Filippelli explica que ainda não há um valor estimado, mas disse que a pasta quer garantir a continuidade de todos os serviços prestados.

Também informou que a secretaria espera a nomeação de 340 servidores, aprovados no concurso da Sedestmidh, para auxiliar nos programas da pasta. A ideia é também implementar outro projeto na Casa da Mulher Brasileira. "E nesse último, precisamos de recursos, então vamos articular bastante e também vamos pedir para o Governo Federal", disse.
A secretária, no entanto, diz perceber uma maior sensibilidade com o tema na sociedade. ;Muito maior do que no passado, as mulheres estão mais interessadas em conhecer seus direitos, saber o que é violência;, disse. "Em ações como essa, o governo tem que estar perto da população e para isso, não vamos medir esforços", completou.

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