Cidades

Três mulheres esfaqueadas

Uma das vítimas morreu e duas ficaram feridas em crimes cometidos ontem na Asa Norte, no Paranoá e no Recanto das Emas. No caso do assassinato, o suspeito de ter atacado a ex-mulher morreu após ser linchado durante uma festa de aniversário

postado em 02/09/2019 04:06
No Café Sem Troco, área rural do Paranoá, ex-casal morreu após briga em festa: polícia trabalha com as hipóteses de feminicídio seguido de lichamento ou de duplo homicídio


Três mulheres foram vítimas de violência ontem no Distrito Federal. Uma delas foi morta a facadas no Café Sem Troco, área rural do Paranoá. A Polícia Civil investiga se houve feminicídio seguido de linchamento, ou duplo homicídio, uma vez que o ex-companheiro dela também morreu. Na Asa Norte, jovem de 19 anos sobreviveu a uma facada dada por um vizinho. No Recanto das Emas, o marido tentou matar a companheira.

Um dos casos ocorreu durante a madrugada. Roseli Sousa Santos, 33, e o ex-marido Aneilton Vitorino da Silva, 29, morreram após uma briga durante uma festa de aniversário. Depois de ouvir testemunhas e familiares, a polícia tipificará o crime. Ambas as vítimas viveram juntos por 14 anos e estavam separadas havia três meses. Pais de sete filhos ; ela teve dois, mais velhos, com outro homem ;, o casal mantinha um relacionamento conturbado e com histórico de violência.

A primeira versão que a polícia recebeu foi a de que o autônomo não aceitava o fim do namoro. Assim que chegou à festa, na casa de amigos em comum, ele encontrou a ex-companheira. Os dois teriam começado uma discussão e, em seguida, agressões mútuas. O homem teria pegado uma faca e acertado a mulher com dois golpes próximos ao pescoço. Pessoas que presenciaram o ataque atacaram o suspeito com cabos de rodo, grelha de churrasqueira e tijolos. Por fim, levou uma facada.

No entanto, outras testemunhas relataram o crime de outra forma. Disseram à polícia que Aneilton chegou à festa acompanhado da nova namorada. Ela e Rosi, como a vítima era conhecida, iniciaram uma discussão e um amigo da atual companheira teria esfaqueado Roseli. Ao tentar defender a ex-companheira, Aneilton também foi atingido. Um vizinho revelou que ainda ouviu o homem gritando: ;Não mate ela, não mate a mãe dos meus filhos;. Os dois morreram na hora.

Ontem, durante as investigações, a Polícia Civil prendeu dois suspeitos. Um deles disse que não sabia da história e que não estava na festa. Porém, a carteira dele, com todos os documentos, foi encontrada ao lado do corpo de Aneilton. Os investigadores estão à procura de mais testemunhas, entre elas os donos da casa, que teriam saído antes da chegada da Polícia Militar pela manhã. ;Ainda não sabemos qual das duas histórias é a real. Precisamos encontrar os donos da casa e quem estava na festa, que são as testemunhas mais importantes. As pessoas estão com muito medo de contar. Algumas contam pouco, mas não querem aparecer. Estamos trabalhando para entender de fato o que aconteceu;, afirmou a delegada-chefe da 6; Delegacia de Polícia (Paranoá), Jane Klébia.







Incerteza
Familiares das vítimas souberam dos assassinatos na manhã de ontem, quando viram os corpos estirados no chão. Roseli estava caída perto da cozinha. O corpo de Aneilton foi encontrado no quintal, rodeado pelos objetos usados para atacá-lo. Segundo uma das irmãs de Roseli, que não quis se identificar, os donos da casa não eram amigos da mulher e que ela estaria ali a convite de um dos participantes do encontro.

Emocionada, outra irmã de Roseli, a dona de casa Selma Sousa, 38, não sabia que ela estava na festa. ;Era um relacionamento que a gente não gostava, porque ele era muito agressivo com a minha irmã, batia nela. A gente a aconselhava muito, mas não imaginávamos que acabaria dessa forma. Estamos arrasados com a situação;, lamentou.

Segundo a irmã, Roseli era tranquila e se dedicava aos filhos. ;Muitas vezes, cuidava deles sozinha. Nunca deixava faltar nada. Ela trabalhava em uma horta. Hoje (ontem) mais cedo, os filhos ficaram esperando por ela, porque todo domingo eles iam juntos para a feira aqui perto comer. A gente nem soube o que dizer. O mais novo, de 2 anos, sente a falta da mãe;, disse Selma. A família espera a mãe de Roseli chegar de Minas Gerais para decidir com quem ficarão os filhos da vítima. ;Vamos nos ajudar e esperar a minha mãe chegar para vermos o que é melhor para as crianças;, explicou Selma.




"Ainda não sabemos qual das duas histórias é a real. Precisamos encontrar os donos da casa e quem estava na festa, que são as testemunhas mais importantes. As pessoas estão com muito medo de contar. Algumas contam pouco, mas não querem aparecer. Estamos trabalhando para entender de fato o que aconteceu;

Jane Klébia, delegada




Tentativa de feminicídio
A polícia procura o suspeito de tentar matar a facadas a companheira no Recanto das Emas. A vítima, Edilene de Oliveira Batista, 31 anos, foi atacada pelo marido, Alessandro da Conceição, 32, após uma briga entre o casal, por volta das 14h, na QR 605 do Recanto das Emas. Segundo relatos de Edilene, o agressor não aceitou o fim do relacionamento. Depois de esfaqueá-la, Alessandro fugiu. Os investigadores também buscam pela arma usada no crime. A mulher recebeu atendimento do Corpo de Bombeiros e seguiu para o Hospital Regional de Taguatinga (HRT) com diversas perfurações pelo corpo, mas fora de perigo. A vítima não chegou a ser ouvida formalmente, porque, até a noite de ontem, continuava internada na unidade de saúde. Uma testemunha prestou depoimento na 27; Delegacia de Polícia (Recanto das Emas), onde o caso foi registrado.





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