Jornal Correio Braziliense

Cidades

Crônica da Cidade

Do fundo do coração, obrigado


Meus pais saberão neste momento que eu vendi Correio Braziliense escondido deles, lá pelos anos de 1986 ou 1987, para comprar picolé aos domingos. ;Olha aí, o Correeeeeeiooou;, eu gritava com alguns colegas pelas ruas do Guará 1. Depois, durante os anos de Universidade de Brasília (UnB), às vezes, eu passava de ônibus ou carro na frente do prédio do jornal e pensava: ;Eu ainda vou trabalhar aí;. E trabalhei.

Entrei como estagiário, em maio de 1996. De vez em quando, ficava até de madrugada só para ver o jornal ser impresso, sentir aquele cheiro de tinta e ser um dos primeiros a pegar um exemplar e ler meu nome ali. Acabei contratado pouco mais de um ano depois. E todo o resto é uma história bonita que só. Nos primeiros 10 anos, na editoria de Esportes. Conheci Pelé, Romário, Gustavo Borges, Hortência, Paula e Janete, entre outros. Cobri os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. Dois anos depois, fui convidado a montar um jornal aqui mesmo, o Aqui DF.

Dentro do Correio e do Aqui DF, eu me vi casar. Tive dois filhos e enterrei um deles ; inclusive, foi tema de uma crônica extremamente difícil, mas necessária, neste mesmo espaço. Chorei, sofri com crises de ansiedade e levei algumas broncas. Tudo o que faz parte de um trabalho normal. Mas também sorri muito, dei muitas gargalhadas, aprendi mais do que ensinei, escrevi sobre tudo ; oficialmente, passei também pelas editorias de Cidades, Política, Brasil e Economia, mas dei minha contribuição para absolutamente todas as áreas do jornal.

O principal, porém, é que fiz amigos. Gente que me acompanha diariamente, mesmo que tenha deixado o jornal. Com quem eu converso com intimidade até hoje. Pessoas que foram padrinhos e madrinhas do meu casamento e também de quem eu me tornei padrinho. Aliás, fui meio que responsável por formar um casal aqui e dei a ;bênção; na festa de união deles. Tive contato com mestres do jornalismo ; e deixo aqui registrado a maior delas, Ana Dubeux ;, que me ensinaram além do ofício: fizeram-me um ser humano melhor.

É isso. Nesses 23 anos no Correio, aprendi que o jornalismo é muito mais do que análises e notícias, mais do que é publicado no papel. O jornalismo é informar, mas, principalmente, formar. Formar seres humanos completos, de cabeça aberta, corajosos, amorosos, prontos para enfrentar o duro dia a dia de ser cidadão no Brasil. Podem ter certeza: pelo menos comigo, o jornalismo e o Correio conseguiram atingir esse objetivo. Do fundo do coração, obrigado.