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A seca traz a beleza dos ipês amarelos às ruas da capital federal

A seca traz o desconforto, mas também a beleza. Brasília tem mais de 200 mil pés de ipês que são responsáveis por um espetáculo colorido e delicado nos meses mais difíceis do ano

Thiago Cotrim*, Darcianne Diogo*
postado em 03/09/2019 06:00
A seca traz o desconforto, mas também a beleza. Brasília tem mais de 200 mil pés de ipês que são responsáveis por um espetáculo colorido e delicado nos meses mais difíceis do anoDesde a segunda quinzena de maio, os brasilienses começaram a sentir os efeitos da seca. Brasília está há mais de 90 dias sem chuva e o estado é de alerta, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Para esta semana, a previsão é de que as temperaturas variem entre 16;C e 33;C. ;A umidade permanece abaixo de 20%, e o clima apresentará poucas nuvens e névoa seca;, explica Mamedes Mello, meteorologista do Inmet. No auge da estiagem, a capital federal presenteia a população com pequenos oásis nos quais as cores explodem: os ipês estão floridos e, na Catedral, o comércio de flores secas do cerrado colore a paisagem. Os canteiros de flores são pausas para os olhos e a mente em dias quentes e com baixa umidade. É o prenúncio da primavera, que começa em 23 de setembro em todo o país.

Os ;queridinhos; de Brasília são os ipês. A capital tem mais de 200 mil pés dessa árvore, sendo 60 mil deles amarelos. Alguns chegam a 18 metros de altura. Depois do florido amarelo, chega a vez do rosa (floresce no fim de setembro e vai até o fim de outubro), seguido pelo branco, que dura entre três e cinco dias e, por último, o verde, que aparece no fim deste mês.

As nativas do cerrado estão por todo canto, principalmente na região central, perto dos Eixos Sul e Norte, Setor Bancário e na Avenida L4, embelezando o percurso dos motoristas que trafegam diariamente por essas vias. Nas entrequadras da 404 e 216 da Asa Norte, na tesourinha da 114 Sul e na altura do Sesc da 504 Sul, também é possível avistá-los.

Os ipês não são as únicas flores que embelezam as ruas da cidade no período da primavera. Há outras espécies coloridas, como as árvores cambuí, paineira, flamboyant, jequitibá, jacarandá, quaresmeira, imbiruçu e sapucaia. O flamboyant, por exemplo, chama a atenção em três tonalidades: amarelo, alaranjado e vermelho. O imbiruçu tem a peculiaridade das flores brancas nas extremidades dos galhos despidos de folhas.
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Alegria, paz e harmonia

Quem é apaixonada pelos ipês-amarelos é a artesã Marcelina Rodrigues, 22 anos. Por onde passa, não perde a oportunidade de fazer uma foto. ;As árvores coloridas dão um charme para Brasília e passam um ar de alegria. Eu sou louca por ipês, principalmente por um que fica em frente à Rodoviária do Plano Piloto. Ele é bem cheinho e contagia quem passa;, comenta.

A amiga de Marcelina, Gabriela Azevedo, 20, veio conhecer a capital e se encantou. A costureira é de São Jorge, em Maceió, e chegou em Brasília na última quinta-feira. ;Achei a cidade linda e, com certeza, os ipês são a marca registrada daqui, pois nunca o vi em nenhum outro lugar. Já tirei várias fotos para mostrar aos parentes da minha região. O que estou estranhando é o clima, que está bem quente. Minha garganta está seca e meus lábios estão rachando;, conta.

O técnico em enfermagem Bruno Corrêa, 32, comenta que passa todos os dias em frente aos ipês do Conic, e não resiste à tentação de tirar fotografias. ;Eu moro na Asa Sul e preciso pegar a estrada do Conic para chegar ao trabalho. O contraste das cores no período da manhã me traz uma sensação de relaxamento, de vida. É um sentimento muito gostoso;, diz.

Flores na decoração

É impossível passar em frente à Catedral Metropolitana e não se impressionar com a beleza das flores secas do cerrado. Aglomeradas em barraquinhas de artesãos, elas chamam a atenção dos brasilienses e turistas. São mais de 50 espécies, com cores que vão do rosa-neon ao vermelho-vibrante.

O artesão Valdimiro Ferreira, 58, administra uma das barracas há 28 anos. ;Tenho um carinho especial pelo meu trabalho, principalmente no resultado final. É de se admirar;, diz. Todo o processo de elaboração, como colheita, tingimento e decoração é um trabalho minucioso e demorado, mas que resulta em uma linda decoração para a casa. ;Nós tiramos a clorofila e usamos um produto para desidratar. Aqui, a mais procurada é a flor-porta-guardanapo. Muitas pessoas compram para colocar na mesa de jantar ou receber convidados;, conta.

*Estagiários sob supervisão de Nahima Maciel

Missãoipêcb

Para celebrar o colorido das árvores que se tornaram símbolo de Brasília, o Correio lançou mais uma edição da campanha #missãoipêcb. Ainda dá tempo de participar da campanha e ter a chance de ter sua foto publicada nas redes sociais, no site e no Correio Braziliense. Fez um lindo registro de ipê? Compartilhe com a gente. Para participar, publique uma foto tirada por você no Instagram com a hashtag #missãoipêcb.

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