Jornal Correio Braziliense

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Vídeo: empresa derruba cerrado para construir Quadra 500 do Sudoeste

Reportagem flagrou o momento em que árvore é derrubada e trabalhador dança em cima do tronco caído. Construção foi liberada pelo STJ em 30 de agosto, mas MPDFT recorreu a decisão

O Sudoeste agora conta com algumas árvores a menos em sua vegetação. Na manhã desta quinta-feira (5/9) quem passou em frente ao terreno alvo de disputa judicial de grupos contrários e favoráveis a construção da Quadra 500 do Sudoeste se deparou com a derrubada em série de árvores do Cerrado. No local, máquinas e serras trabalhavam a todo vapor.

A bancária Simone de Almeida Silva, 57 anos, mora no Sudoeste há cerca de 20 anos e com os olhos cheios de lágrimas, lamentou a situação "A gente sabia que isso ia acontecer, mas quando a gente ve cortando (a vegetação) é um choque muito grande. O povo fica preocupado com a Amazônia, mas fazem isso aqui", frisou.

Enquanto carros passavam buzinando e moradores lamentaram a situação, o Correio flagrou um trabalhador dançando em cima de uma árvore derrubada. (confira o vídeo)
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Briga judicial

Pelo projeto, a Quadra 500 do Sudoeste fica entre o Instituto Nacional de Meteorologia e o Eixo Monumental. A construção do empreendimento estava suspenso por liminar da Vara de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano Fundiário do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), após um processo movido por uma Ação Civil Pública que questionou a regularidade do licenciamento ambiental. Porém, a obra foi liberada em 30 de agosto pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
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Na decisão, o ministro considerou a importância da construção para a economia local, além "carência de moradias na capital do país, motivo de tantas invasões de áreas públicas".

Em 3 de setembro, o Ministérios do Público do Distrito Federal e Território recorreu a decisão do STJ. Para o MPDFT, apesar da geração de empregos, o empreendimento não é capaz de repercutir significativamente na ordem econômica, além de ser destinado a classe média alta da capital, sem reflexos para os menos favorecidos.
A reportagem do Correio fez contato com a empresa que responde pelo empreendimento, com o Ministério Público, com GDF e aguarda retorno.