postado em 08/09/2019 04:18
Superintendente dos Diários Associados em Goiânia, Edilson Varela abraçou a ideia de criar o Correio Braziliense e a TV Brasília. A proposta envolvia trabalhar com o periódico de mesmo nome editado por Hipólito José da Costa, em Londres, de 1808 a 1822. O jornalista e diplomata defendia a independência e a interiorização da capital do Brasil, levado a cabo no fim da década de 1950. Uma vez que o país se tornou emancipado de Portugal, o periódico foi descontinuado.
O clima de pessimismo que envolveu a criação da cidade não contaminou as esperanças de quem sonhava com um veículo de comunicação na futura Brasília. Assim como operários trabalhavam dia e noite para entregar uma capital pronta em três anos, o ritmo frenético das obras se repetiu para erguer o prédio do jornal.
Funcionários do grupo Diários Associados assumiram função extra e deixaram o terno e a gravata de lado para colocar a mão na massa ao lado de cerca de 500 operários, que se revezavam em turnos de 12 horas. Com a maioria morando em acampamentos ; ou hospedados no Brasília Palace ;, o trajeto era longo até os locais das obras. Equipes de técnicos estudavam a área, faziam orçamentos, convocavam trabalhadores. Betoneiras e andaimes dividiam o espaço de lama e terra com antas, tatus e seriemas típicos do cerrado. Em 2 de janeiro de 1960, começam as obras, que terminariam pouco mais de 100 dias depois, em 21 de abril, quando a capital se torna realidade.
Professor de cinema e televisão na Universidade de Brasília (UnB) e jornalista, Pedro Jorge de Castro avalia que as histórias do jornal e da capital federal são inseparáveis. ;Desde o início, a cidade respira com ele. Brasília não pode prescindir do registro cotidiano feito pelo Correio a cada dia da existência dela. Também não pode prescindir da promessa do amanhã ou do que foi ontem. Não sei se Brasília pegou a mão do jornal ou vice-versa, mas essas duas crianças, importantíssimas para a história do país, nasceram juntas;, destacou Pedro Jorge.
Testemunho
No aniversário de três anos do jornal, Ari Cunha, jornalista e ex-vice-presidente institucional do periódico, descreveu, em um emocionado artigo, esse processo. No texto, ele comenta sobre a área em que o prédio surgia: ;Era, de fato, difícil o acesso ao local onde está hoje o Correio Braziliense. Os jornais, em todas as cidades, sempre ficavam no centro urbano, à altura da mão dos seus leitores, anunciantes e das pessoas que normalmente fazem suas reclamações. Mas, dizia-se, à época, (que) nós devemos estar mal-acostumados. Se foi feito o planejamento por quem entende, fecharemos os olhos à vizinhança e planejaremos o jornal dentro do mato;, escreveu.
O vice-presidente executivo do Correio, Guilherme Machado, considera que a instalação da pedra fundamental representou o cumprimento de uma promessa e um marco para o início das obras. ;Para os Diários Associados, estar na capital da República era fundamental. Eles estavam em quase todas as capitais do país. Foi um grande passo para o grupo. Foi extremamente importante, principalmente para Brasília, começar a história com um veículo de comunicação com a relevância do Correio;, afirma Guilherme.
Para o diretor de comercialização e marketing, Paulo Cesar Marques, Brasília mudou a face do país pelos pontos de vista geográfico, econômico e social. Ao longo desse desenvolvimento, o jornal ;testemunhou e registrou tudo que acontecia na capital;. ;Gerar conteúdo jornalístico relevante e de credibilidade é a nossa forma de colaborar para que o Distrito Federal se fortaleça como um ambiente social justo, plural e democrático;, comentou Paulo Cesar, ao destacar a integração das diversas plataformas e a interação nas redes sociais.
Funcionária do jornal desde 1968, a colunista Liana Sabo lembra o diálogo entre o então presidente da República, Juscelino Kubitschek, e o fundador dos Diários Associados, Assis Chateaubriand: ;JK falou que precisava da ajuda dele, dizendo que gostaria de inaugurar a capital federal em 21 de abril. Chateaubriand prometeu inaugurar o jornal na mesma data. O Correio criou padrões. Foi pioneiro em tudo;, ressalta a jornalista, que destaca o processo de modernização dos Diários Associados.
Olhar para o amanhã
Entre as atividades desenvolvidas atualmente pelos integrantes dos Diários Associados, a Fundação Assis Chateaubriand promove visitas periódicas à sede do grupo em Brasília, com estudantes da educação básica. O projeto Leio e Escrevo Meu Futuro visa incentivar o hábito da leitura entre crianças e jovens, além de um olhar questionador sobre a sociedade. Desde 1993, quando a iniciativa surgiu ; com o nome Leitor do Futuro ;, mais de 20 mil meninos e meninas participaram dos passeios educativos.