Sarah Peres
postado em 09/09/2019 06:00
Marinésio dos Santos Olinto, 41 anos, será indiciado pelo homicídio duplamente qualificado da auxiliar de cozinha Genir Pereira de Sousa, 47. O inquérito será remetido à Justiça nesta semana. Ainda será decidido se o cozinheiro responderá por feminicídio e estupro. No dia 18 de setembro, o caso da advogada Letícia dos Santos Curado de Melo, 26, também será entregue ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Nesta terça-feira (10/9), completam 15 dias que o corpo da advogada foi encontrado na DF-250, próximo ao Vale do Amanhecer, em Planaltina.
O cozinheiro está preso temporariamente desde 24 de agosto, inicialmente como suspeito de assassinar Letícia. Ele confessou o crime aos agentes da 31; Delegacia de Polícia (Planaltina) dois dias depois, ao ser confrontado com as provas adquiridas, como o vídeo da vítima entrando na Blazer prata do acusado. No mesmo dia, ele confirmou ter matado Genir.
Investigadores da 31; DP aguardam os laudos do caso da advogada para confirmarem a versão prestada por Marinésio. Peritos do Instituto de Criminalística (IC) examinam o corpo de Letícia, a cena do crime e o carro dele. As análises indicarão se a vítima sofreu violência sexual e se foi morta dentro do automóvel. Além disso, o material genético do assassino confesso será cruzado com o banco de dados de mulheres estupradas e mortas no Distrito Federal.
Em andamento
Desde a repercussão do caso, sete mulheres procuraram a polícia. Cinco denúncias são investigadas na 31; DP. Os relatos indicam que Marinésio tinha o costume de se apresentar como motorista de transporte pirata para fazer as vítimas entrarem no carro dele. Em depoimento à Divisão de Repressão ao Sequestro (DRS), em 29 de agosto, o cozinheiro alegou que tentava ;conquistar; as passageiras e, se elas não cedessem às investidas, eram deixadas na rua.
Outros dois casos são investigados pela 6; DP (Paranoá) como estupro. As vítimas são uma adolescente de 17 anos e uma copeira, de 43. Os casos teriam ocorrido em abril deste ano no Itapoã e, em 2017, no Paranoá, respectivamente. As mulheres relataram que Marinésio usou uma faca para obrigá-las a entrarem em um carro vermelho.
Policiais apuraram que o irmão do cozinheiro tinha um veículo como o descrito pelas vítimas, mas que foi vendido. Na quinta-feira, agentes levaram o automóvel à 6; DP. A adolescente confirmou que o Fiat Pálio vermelho tinha sido usado por Marinésio no ataque. No mesmo dia, ela e a copeira foram até a carceragem da Polícia Civil, para o reconhecimento pessoal. Ambas apontaram o cozinheiro como autor dos estupros. Os casos continuam em investigação.
Na DRS, Marinésio é suspeito de quatro crimes de desaparecimento de mulheres. Ele prestou esclarecimento sobre um dos casos, o da empregada doméstica Gisvânia Pereira dos Santos, 33 anos, sumida desde outubro passado, em Sobradinho. Ele negou envolvimento.
O cozinheiro é investigado em dois casos de 2013: o da garçonete Fabiana Santana Alves, 21, que desapareceu no Itapoã, e Vanessa da Silva Cardoso, 28, em Planaltina. O último crime é o da babá Antônia Rosa Rodrigues Amaro, 47, em 2015. Ela sumiu no Lago Sul, ao pegar um transporte pirata. O corpo da vítima foi encontrado em córrego do Paranoá, um ano depois.
Na 10; DP (Lago Sul), um caso foi reaberto em 29 de agosto, o da adolescente Carolina Macedo Santos, 15. Ela era amiga da filha de Marinésio e vizinha da família. A garota sumiu em 17 de maio de 2018, em uma parada de ônibus no Vale do Amanhecer, em Planaltina. Ela apareceu morta no Lago Paranoá. À época, policiais concluíram que a garota cometeu suicídio. Contudo, o laudo cadavérico indicou sinais de asfixia.