Cidades

Bar Pôr do Sol é comprado por cliente, após ser anunciado em site de vendas

Novo dono deve assumir o comando em outubro. O bar é um dos pontos mais frequentados por universitários. Na publicação, o ponto foi anunciado por R$450 mil

Pedro Canguçu*, Thais Umbelino*
postado em 11/09/2019 19:42

Fachada do bar Pôr do Sol, na 408 NorteBrasília é conhecida pelo céu e pelo pôr do Sol. No caso deste, a referência pode ser tanto ao fenômeno natural quanto ao bar na comercial da 408 Norte. Pela proximidade com a Universidade de Brasília (UnB), o estabelecimento virou um dos pontos mais frequentados por universitários e demais moradores da capital. Mas a noite também caiu sobre o Pôr do Sol ; o bar ; e quase pôs fim aos 21 anos de história do local. No começo do mês, ele foi colocado à venda na internet. Por sorte, um cliente, que não teve o nome divulgado, comprou o ponto. Assim, os brasilienses poderão continuar desfrutando dos dois pores do Sol.

Em um site de vendas, o ponto, que chega a reunir 2 mil pessoas nos dias de maior movimento (quintas e sextas-feira), foi anunciado por R$ 450 mil. Atual proprietário do estabelecimento, Alonso José, 45 anos, diz que o novo dono assume em outubro e se comprometeu a manter tudo como está ; incluindo os funcionários. Alonso afirma que decidiu vender o bar para dedicar-se a outras atividades, uma vez que está no comércio há mais de duas décadas: "Tudo tem um começo e um fim".

A notícia da venda do PDS ; como o local é conhecido ; entristeceu os frequentadores. Nas redes sociais, a postagem repercutiu em grupos universitários. Para os alunos, o bar reflete as histórias e vivências da graduação. Estudante de Química, Gabriel Santos, 21, conta que, apesar das outras opções de bares, frequenta apenas o Pôr do Sol desde o início do curso, em 2017. "Desde quando comecei a graduação meus amigos vêm para o bar. Acabou se tornando um local de encontro", diz.

Para o aluno, a razão de o bar ser tão conhecido é o evento criado pelos estudantes para marcar o início e o final de cada semestre. "Como a referência do evento era ao nome do bar, acabou que o estabelecimento ganhou mais visibilidade", pontua.

Já o assíduo cliente Mark Vilardi, 30, visita o estabelecimento pelo menos uma vez na semana. "Venho para me reunir com os amigos, passar o tempo de uma aula para a outra e estudar". Ele considera o local uma marca de Brasília e gosta do ambiente arborizado e da localização. ;Gosto mais ainda por ser de frente para a quadra e o preço da cerveja ser mais em conta do que o de estabelecimentos próximos;, conta.

Comerciante Eduardo Daniel, 47, diz que, se pudesse, compraria o PDSCom mais de 20 anos vendendo amendoins na região, o comerciante Eduardo Daniel, 47 tem um público fiel no bar. Para ele se o PDS acabar o movimento cessa. "É um lugar tradicional em Brasília. Se eu pudesse, compraria o ponto", brinca.

Ponto de encontro

O bar virou referência na Asa Norte. Mas em 1998, à época da inauguração, Alonso não imaginava tamanho sucesso. Ele credita o crescimento ao trabalho duro. ;A pessoa tem que gostar de trabalhar com comércio. Meus pais foram comerciantes, mas nenhum dos meus filhos querem seguir essa linhagem;, afirma.

O nome do local, ele lembra, foi escolhido em homenagem ao céu de Brasília, celebrado pelos moradores da capital. "O pôr do Sol da cidade é marcante. Não imaginava que o estabelecimento também viraria um dos pontos conhecidos daqui", diverte-se o comerciante.

Seja com ou sem pôr do Sol, o ambiente é de descontração. Para o estudante Tiago Leite, 28, o estabelecimento é um dos pontos turísticos da cidade. "A quadra possui outras opções de bares, mas ela é famosa por conta do Pôr do Sol. A loja compõe o complexo da 408 norte", avalia.

O amazonense Tony Leão chegou na capital em 2013 para cursar Medicina na UnB e antes de começar o curso se familiarizou com a cidade a partir do PDS. ;Brasília é uma cidade mais fria, com pessoas distantes e difíceis de entrosar. Por eu morar próximo ao bar, frequentava bastante o local. Lá eu não me sentia excluído. As pessoas me acolheram;, relembra.

Para Tony o bar também propicia um grande intercâmbio cultural. Integrante de uma banda de forró, ele já tocou algumas vezes no local e foi bem recebido: ;Muitos artistas passam no estabelecimento. É um espaço além de bar, é um local de agregar;.

Amazonense, Tony Leão, 29, chegou ao DF em 2013 e sentiu-se acolhido no PDS

Nilton Sérgio, 26, estudante de Filosofia, acredita que o comércio é importante na memória dos estudantes. "Quando comecei o curso, em 2014, existia uma festa de início e fim de período. O PDS era uma identidade do local para os universitários", diz. A notícia da venda o animou:"O serviço pode melhorar. É sempre boa a rotatividade".

*Estagiários sob supervisão de Fernando Jordão

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação