postado em 18/09/2019 04:15
O incêndio florestal que resultou na morte da bombeira Marizelli Armelinda Dias, 31 anos, pode ter sido provocado por ação humana. Essa é a suspeita dos agentes da 17; Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte), que iniciaram as investigações para apurar a origem das chamas. Caso seja constatado que alguém foi responsável por atear fogo ao local, ela poderá ser indiciada por crime ambiental e pela morte da militar. Na manhã do último domingo, a soldado trabalhava no combate a chamas no cerrado em Taguatinga, quando foi atingida por galhos de árvores e fios de energia elétrica. Ela morreu no Hospital Regional de Ceilândia horas depois.
O delegado Sérgio Bautzer detalha que, no dia do acidente, um investigador plantonista esteve no local do incêndio e solicitou uma perícia preliminar. No dia seguinte, ele voltou acompanhado de um agente e pediu nova avaliação da área. ;Inicialmente, estamos apurando se houve crime ambiental. Agora, além dos laudos do incêndio, aguardo o resultado necroscópico (do corpo);, explica.
Segundo Sérgio, é norma da corporação investigar toda ocorrência de acidente de trabalho com vítimas. ;Determinei apuração do incêndio, de acordo com as leis dos crimes ambientais. No primeiro momento, precisamos saber se o incêndio é doloso ou culposo;, reforça. Caso seja confirmada a ação humana, ocorrerá o indiciamento por crime ambiental. Segundo o delegado, se a hipótese for confirmada, a acusação pela morte de Marizelli será feita após ;análises minuciosas;.
O investigador informou que tentará concluir o inquérito o mais rápido possível, em até 30 dias. ;Esterno as minhas condolências ao Corpo de Bombeiros e a família da vítima. Assim que terminar o período de luto e assim que os colegas (da soldado) estiverem dispostos, vou ouvi-los;, adiantou. Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que aguarda laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) para divulgar comunicado sobre a morte de Marizelli.
Rotina
Ao Correio, colegas de trabalho detalharam o último dia de trabalho da bombeira. ;Ela chegou por volta das 7h10, e a gente começou a fazer a conferência das viaturas. Todos os dias, a gente verifica o material para que esteja tudo pronto na hora de ir para uma ocorrência;, conta o soldado Adriano Lima.
Depois disso, Marizelli foi à copa tomar café da manhã. Segundo depoimento de militares que prefeririam não se identificar, o lanche foi marcado por risadas, principalmente por causa da animação da soldado. ;Era uma pessoa muito espirituosa e alegre. Todos os companheiros demonstram isso sobre ela;, relata um colega. Poucos minutos depois, às 7h35, a equipe da bombeira foi acionada para atender ao incêndio que resultou na morte dela.
;Ela saiu correndo para a viatura. A gente até brincou dizendo que a Marizelli estava vibrando;, lembra Adriano. Outro colega de serviço relembra que as chamas estavam contidas, e ela foi atingida no momento em que retirava a mangueira. ;Ela estava saindo da zona quente quando foi atingida pela árvore;, lamentou. Marizelli deixou marido e dois filhos.