postado em 19/09/2019 04:06
Marinésio dos Santos Olinto, 41 anos, foi denunciado pelo assassinato da advogada Letícia Sousa Curado de Melo, 26. Ele responderá por homicídio quintuplamente qualificado, tentativa de estupro, ocultação de cadáver e furto. O cozinheiro será levado ao Tribunal do Júri de Planaltina, que dará a sentença. Se condenado pelos crimes, pode pegar até 43 anos. Não há previsão para a formalização do caso do assassinato da auxiliar de cozinha Genir Pereira de Sousa, 47.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) recebeu o inquérito da 31; Delegacia de Polícia (Planaltina) na noite de sexta-feira e, desde então, trabalhou para formalizar a denúncia. De acordo com análise do promotor Otávio Binato Júnior, de Planaltina, entre as qualificadoras do homicídio está o feminicídio. ;Marinésio tem um histórico de desprezo pela mulher. Várias vítimas do suspeito relatam que, durante as investidas, ele as chamava de ;lixo; e uma série de nomes depreciativos. Então, o histórico e a investida sexual deixam claro que ele matou Letícia por questão de gênero;, afirmou.
As demais qualificadoras são o motivo torpe do assassinato, pois Letícia se negou a manter relações sexuais com o cozinheiro; o modo cruel, uma vez que a vítima foi morta por esganadura; dissimulação, porque o acusado se passou por motorista de transporte pirata para fazer a advogada entrar na Blazer prata; e, por último, asseguração da impunidade de outro crime ; para encobrir a tentativa de abuso sexual.
;Pedimos a prisão preventiva do Marinésio, para que ele continue detido até o julgamento. Nosso objetivo é manter a ordem pública, pois nos diversos crimes imputados a ele, fica claro que é um homem perigoso, que não pode estar em convívio social. Ele confessou os assassinatos de Letícia e Genir. Um dia após o ataque da advogada, o cozinheiro ainda fez novas vítimas;, acrescentou o promotor.
Outros casos
O laudo do carro de Marinésio Olinto pode auxiliar a apuração de outros crimes dos quais o cozinheiro é suspeito. Segundo Otávio Binato, peritos do Instituto de Criminalística (IC) encontraram três digitais no veículo: a do acusado, a de uma jovem de 21 anos e a de uma garota de programa, de quem o acusado era cliente.
A garota de 21 anos foi atacada pelo cozinheiro em 24 de agosto. Ela e a irmã, de 18, pegaram uma carona com Marinésio após saírem de uma festa em Planaltina. No trajeto, ele tentou abusar da mais velha. Ambas conseguiram fugir. Com a comprovação do relato dessas mulheres pelo laudo produzido do caso Letícia, será possível comprovar a ação do suspeito. No entanto, agentes da 31; DP continuam buscando por mais provas. Também estão em apuração na unidade os casos de duas mulheres de 21 e 46 anos, que relatam assédio.
Na 6; DP (Paranoá), policiais investigam a morte de Genir e dois casos de estupro cometidos contra uma jovem de 17 anos e uma copeira de 43. Elas reconheceram Marinésio como autor dos crimes na Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP), em 5 de setembro.
Sofrimento
Para a família de Letícia, a dor ainda faz parte da rotina. ;É bom que o crime seja enquadrado como feminicídio, pois ele passará mais tempo na cadeia. Porém, para mim, nunca haverá justiça. Ela perdeu a vida de uma forma insignificante, sem motivo. Nada justifica o assassinato dela;, desabafou o marido da advogada, Kaio Fonseca Curado de Melo, 25.
Kaio faz 26 anos na próxima segunda-feira, mesmo dia em que a morte da mulher completa um mês. ;Vai ser muito difícil. Ainda não pude voltar para minha rotina. Desde o crime, não consegui ficar no apartamento (que vivia com Letícia). São lembranças dos momentos que vivemos juntos. Também não achava saudável para o meu filho;, contou.