postado em 20/09/2019 04:15
A Justiça do Distrito Federal recebeu sete inquéritos contra o cozinheiro Marinésio dos Santos Olinto, 41 anos. Além do assassinato da advogada Letícia Curado, 26, ele deve responder por crimes cometidos contra outras sete mulheres (veja quadro). As novas acusações são de estupro ; tentado e consumado ; e tentativa de homicídio. As vítimas têm idade entre 18 e 50 anos e o primeiro caso registrado é de 2013. Nenhuma delas havia registrado boletim de ocorrência até a prisão do investigado, em 24 de agosto.
Os novos inquéritos concluídos são da 31; Delegacia de Polícia (Planaltina) e serão analisados pela Justiça. Eles foram remetidos à Justiça ao longo desta semana. Além da morte de Letícia, havia outras 10 denúncias contra Marinésio registradas na DP. O delegado Veluziano de Castro Salgado informou que descartou duas ocorrências e mantém outras duas sob investigação. ;Tudo leva a crer que ele praticava crimes em série. Todas as ações foram deliberadas e algumas premeditadas. Ele passava em paradas de ônibus e buscava mulheres em situações de vulnerabilidade;, ressaltou.
Na quarta-feira, o Ministério Público do DF denunciou Marinésio por homicídio quintuplamente qualificado, tentativa de estupro, ocultação de cadáver e furto pela morte de Letícia. ;Somando os crimes, ele pode responder por mais de 50 anos de prisão. Porém, ainda há investigações em curso;, destacou o delegado.
Veluziano afirmou que Marinésio admite os assassinatos de Letícia e da auxiliar de cozinha Genir Pereira Sousa, 47, no Paranoá, porém, nega todas as outras acusações. ;Como ele foi confrontado com provas que o colocavam na cena desses (dois) crimes de homicídio, decidiu admiti-los;, disse. Ao Correio, o advogado do cozinheiro, Marcos Venício Fernandes Arêdes, afirmou que irá se manifestar ;por ocasião da intimação preliminar;. De acordo com ele, a defesa vai se contrapor a algumas qualificadoras sobre o caso Letícia, como tentativa de estupro e furto.
Investigações
Um dos casos que a 31; DP mantém as investigações é o da estudante Carolina Macedo Santos, 15 anos. Ela foi encontrada morta no Lago Paranoá, em 17 de maio de 2018, com sinais de estrangulamento. Inicialmente, os investigadores concluíram que a adolescente havia cometido suicídio. Entretanto, após a prisão de Marinésio, eles passaram a associá-lo ao crime. A jovem era vizinha do cozinheiro e melhor amiga da filha dele.
A suspeita partiu da 10; Delegacia de Polícia (Lago Sul), que cuidava do caso. Agora, a investigação é conduzida em sigilo. O delegado Veluziano explicou que o inquérito de Carolina ainda não foi reaberto, mas que os agentes trabalham no caso. ;No momento, aguardamos outros laudos de materiais genéticos que estão sob avaliação. Na casa dele, um dia após o assassinato de Letícia, encontramos uma chuteira suja de sangue e uma bermuda com sêmen, que ele usava quando matou a advogada. Esses itens estão sob análise;, detalhou.
A outra ocorrência em apuração é de uma mulher que teria sido abordada por Marinésio na Rodoviária do Plano Piloto. O cozinheiro se passou por motorista de transporte pirata e informou estar indo para Planaltina. Quando chegou na cidade, ele desviou o caminho e estuprou a vítima. Em seguida, ela teria conseguido fugir. ;As mulheres que resistiam aos assédios eram mortas;, disse.
Indiciamentos
A 6; Delegacia de Polícia (Paranoá) e a Coordenação de Repressão a Homicídios e de Proteção à Pessoa (CHPP) investigam outras denúncias contra Marinésio, entretanto, nenhuma concluiu inquéritos referentes aos casos. Na próxima semana, a 6; DP deve terminar as investigações sobre a morte de Genir e convocar coletiva à imprensa para passar mais informações sobre as demais ocorrências.
Além da morte da auxiliar de cozinha, a DP do Paranoá apura ao menos outras duas denúncias. Uma jovem de 17 anos e uma mulher de 43 anos teriam sido abusadas por Marinésio. Em 5 de setembro, elas compareceram ao Departamento de Custódia e Controle de Presos (DCCP), no Complexo da Polícia Civil, e reconheceram o cozinheiro como autor dos crimes. Ainda não há previsão para a conclusão para indiciamento desses casos.
No âmbito da CHPP, há outras três denúncias contra Marinésio sob investigação. Todas são de mulheres desaparecidas entre 2013 e 2015. Esses casos foram reabertos pela Divisão de Repressão ao Sequestro (DRS) da Polícia Civil e repassados para a CHPP. De acordo com o delegado Leandro Ritt, titular da DRS, o padrão de agir de Marinésio indica que ele pode ter participado desses crimes e por isso decidiu investigá-los novamente.
"Tudo leva a crer que ele praticava crimes em série. Todas as ações foram deliberadas e algumas premeditadas. Ele passava em paradas de ônibus e buscava mulheres em situações de vulnerabilidade;
Veluziano de Castro Salgado, delegado