Thaís Moura*, Renato Souza
postado em 24/09/2019 17:48
Um morador do Riacho Fundo I tenta chamar atenção dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para o caso da esposa, que está presa há mais de 70 dias na Penitenciária Feminina do Distrito Federal (Colmeia). O vendedor Valter Ribeiro dos Santos, de 49 anos, alega que a parceira é inocente de uma acusação de assassinato.
Segurando uma placa com os dizeres ;O amor da minha vida está presa sem dever nada a ninguém;, ele pede que os magistrados da suprema corte analisem o caso de Frankiele Fernandes, 35 anos. De acordo com o vendedor, Frankiele foi presa por conta da acusação da morte de uma mulher. Mas ele alega que, na verdade, sua enteada, menor de idade e filha de Frankiele, teria sido a real culpada pelo crime.
Segundo Valter, a adolescente teria esfaqueado uma mulher após uma briga relacionada a drogas ilícitas no carro de outro rapaz. Ele ainda alega que, depois do suposto crime, a jovem passou a colocar a culpa em sua mãe. De acordo com Valter, a esposa dormia com ele no momento exato do ocorrido. ;Contei minha história para a Polícia (Civil), eles falaram que iriam investigar isso, mas até agora não resolveram nada. Só me disseram que estava em investigação;, relatou o companheiro de Frankielly.
;A gente não deve nada para ninguém, somos pessoas de paz. Somos trabalhadores, vivemos do nosso trabalho. Ela (Frankiele) não deve nada para ninguém;, disse. ;Temos uma lanchonete lá no Riacho Fundo e o pessoal que mexe com coisa errada lancha lá sempre. Por isso, acabaram dizendo que nós fazemos parte de facção criminosa. Mas minha mulher não mexe com isso;, completou.
Segundo Valter, Frankiele contratou um advogado particular, mas, por não ter condições financeiras suficientes para arcar com os custos, o processo fica mais lento. ;A gente é pobre, não tem condição nenhuma. Ela tem advogado particular, ele está fazendo o que pode fazer, mas a gente não tem a quantidade suficiente para dar para ele, então ele faz aos pouquinhos e faz o que pode. Se dependesse dele, a gente não estaria nessa situação também. Eu fui na defensoria pública algumas vezes mas ninguém se prontificou a me ajudar. Falaram que precisava do CPF e identidade dela, mas a família se negou a me dar isso;, explicou.
O companheiro de Frankiele afirma que o homicídio foi registrado na 29; Delegacia De Polícia Civil, no Riacho Fundo I. Ele também diz que foi à Delegacia da Criança e do Adolescente na Asa Norte para contar sua versão dos fatos, e que há uma audiência marcada para 22 de outubro.
Apesar de protestar em frente ao Supremo, o caso tramita em primeira instância de Justiça. O STF pode interferir em casos criminais quando ocorre algum tipo de violação da Constituição ou de direitos nela previstos durante o curso do processo.
Procurada pelo Correio, a assessoria de imprensa da 29; DP confirmou que Frankiele Fernandes foi indiciada e presa preventivamente por homicídio consumado, e que as investigações do suposto crime se encerraram em 12 de julho com a "remessa do respectivo Inquérito Policial ao Poder Judiciário".
*Estagiária sob supervisão de Fernando Jordão