Cidades

Apesar da dor, paróquia tenta recomeço

postado em 25/09/2019 04:11 / atualizado em 14/10/2020 12:15

Peritos da Polícia  Civil ainda buscam  provas na cena  do crime



Apesar de ter voltado à rotina, a comunidade da Paróquia Nossa Senhora da Saúde mantém-se fechada para declarações sobre o que aconteceu com o padre Casemiro. Além de não comentar o caso, funcionários da igreja evitaram o contato da reportagem com três irmãos que trabalham como caseiros no local. Um deles trata-se de José Gonzaga da Costa, 39 anos, encontrado preso na mesma casa onde o religioso foi assassinado. Ferido, José Gonzaga foi encaminhado no dia do crime ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), prestou depoimento na 2ª DP e, em seguida, voltou para a paróquia.

Integrantes da comunidade religiosa informaram que os três funcionários estão traumatizados com o ocorrido. Eles moram na paróquia e ajudam com serviços gerais, inclusive na obra próxima à casa do padre, onde um centro catequético está em construção há um ano. Na tarde de ontem, durante cerca de meia hora, o padre Cristiano Sanches — pároco da igreja do Divino Espírito Santo, na 905 Norte, e responsável interino pelas atividades religiosas na Nossa Senhora da Saúde — teve uma conversa a portas fechadas com os três, a fim de tranquilizá-los.

Peritos da Polícia Civil trabalharam no local e levaram mais provas da cena do crime para exames complementares. Eles deixaram a igreja por volta das 15h40. A área do crime continuava isolada até o início da noite de ontem.
Um dos padres da paróquia, João Firmino afirmou que haverá uma limpeza na casa, assim que o imóvel for liberado pela polícia. Ele contou que um dos hobbies de Casemiro era emoldurar quadros com fotos que fazia na igreja. Os itens serão enviados à família do polonês. “Restaurar e emoldurar quadros, além de ajudar na construção (do centro catequético), eram passatempos dele. Vamos coletar, catalogar e guardar tudo”, completou.

Saudade

Depois das duas missas em homenagem a Casemiro, realizadas na segunda-feira, as atividades religiosas voltaram a acontecer normalmente na paróquia. Eventos como batizados e casamentos permanecem agendados. Quatro padres atuarão em parceria com o sacerdote Cristiano Sanches.

Frequentadora da Paróquia Nossa Senhora da Saúde há 35 anos, Marlene Barroso, 77 anos, teve dificuldades para voltar à igreja na tarde de ontem. “Trabalhei com ele por muitos anos. Vim pedindo forças para não ficar pensando nisso. Ainda não consigo acreditar”, comentou. Mesmo com a escolha de um representante para o lugar de Casemiro, a moradora da Asa Norte ainda não sabe como ficará o dia a dia no templo. “Ele era muito trabalhador, atencioso e sempre nos apoiava. Está fazendo muita falta. Não sei como será de agora em diante”, completou Marlene.

Duas moradoras da 703 Norte, que preferiram não se identificar, disseram que frequentavam as missas de Casemiro na paróquia, mas, devido à falta de segurança na região, preferiram deixar de ir à igreja da quadra vizinha. “É muito deserto, muito aberto. O número de fiéis diminuiu por isso”, contou uma delas. “Já roubaram carros lá também. É triste, muito triste”, completou a segunda. (JE)

*Estagiária sob supervisão de 
  José Carlos Vieira

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