A Polícia Civil (PCDF) prendeu ontem sete membros de uma organização criminosa que fraudava dados de funcionários públicos. O grupo falsificava documentos das vítimas, como RG, contracheques e comprovantes de residência, além de falsificar Carteiras de Habilitação junto ao Departamento de Trânsito (Detran). Todos os membros tinham passagem pela polícia por uso de documento falso e estelionato. Até o momento, 50 vítimas da organização foram identificadas pela polícia, que estima um prejuízo superior a R$ 1 milhão.
As investigações da Operação Alicantina tiveram início em janeiro deste ano e são conduzidas pela Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf). Os principais alvos dos criminosos eram funcionários públicos com altos salários e sem restrições no CPF. As vítimas eram servidores do Tribunal de Contas da União (TCU), Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), Tribunal Regional Federal (TRF), Advocacia-Geral da União (AGU), Polícia Militar do DF (PMDF) e Secretaria de Fazenda do DF.
"A partir de janeiro deste ano, algumas vítimas procuraram a delegacia informando que seus dados tinham sido subtraídos, porque elas não estavam recebendo o salários que regularmente recebiam", explicou o coordenador da Corf, Wisllei Salomão. Segundo a polícia, o grupo invadia contas de e-mail e de outros sistemas informáticos e usava o nome das vítimas para realizar contratos, como de locação de imóvel e planos de telefonia móvel.
Contas-correntes, empréstimos pessoais e demais transações financeiras também eram feitas com os documentos falsos. "Eles tinham acesso aos bancos de dados dos servidores, alteravam a senha e produziam documentos falsos. Com base nisso, eles abriam contas em bancos, transferiam o salário para esses novos bancos e faziam empréstimos;, contou o delegado.
Os dados obtidos também permitiam que o grupo solicitasse a segunda via da CNH dos servidores. ;Eles recebiam a CNH, que era materialmente verdadeira, mas a fotografia era de algum deles da quadrilha. Assim, eles financiavam veículos e os revendiam a terceiros de boa-fé;, acrescentou Wisllei. Procurado pelo Correio, o Detran não respondeu se há servidores envolvidos e afirmou que ;todos os detalhes da operação devem ser verificados diretamente com a Polícia Civil;.
Com o esquema, a organização conseguiu financiar 14 veículos e ainda tentava fazer o financiamento de outros cinco. Na busca, a polícia apreendeu dois automóveis, procurações e documentações falsas. Os sete membros da organização não aparentavam viver uma vida de luxo e foram presos em Vicente Pires, Guará, Park Way, Taguatinga, Ceilândia, Santa Maria e Recanto das Emas.
Os integrantes estão presos temporariamente e deverão responder por estelionato, organização criminosa, fabricação e uso de documento falso e invasão de dispositivo de informática. A Corf não descarta a participação de servidores ou terceirizados nos crimes. ;Iremos apurar se outras pessoas ligadas ao sistema de dados dos servidores ou terceirizados estão envolvidas;, finalizou Wisllei.