Jornal Correio Braziliense

Cidades

Operação do Ministério Público mira empresários de Formosa (GO)

Donos de firmas na área de construção são acusados de crimes como fraudes em licitações, superfaturamento de preços e lavagem de dinheiro. Justiça recebeu denúncia contra seis pessoas

Cinco empresários de Formosa (GO) e uma funcionária da prefeitura do município foram alvo da Operação Número Oito, deflagrada na manhã desta quarta-feira, (25/9), pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), além das polícias Militar e Civil goianas.

A ação desarticulou uma organização criminosa que atuava na cidade, a cerca de 80 km de Brasília. O grupo é acusado de praticar fraudes em licitações, crime de falsidade ideológica, superfaturamento de preços, uso de documento falso e lavagem de dinheiro.

A operação resultou no cumprimento de nove mandados de busca e apreensão em empresas e nas casas dos acusados. Os pedidos partiram da Vara de Crime Organizado, em Goiânia. As investigações apontaram que os envolvidos apresentavam à Comissão Permanente de Licitação (CPL) da prefeitura de Formosa propostas de orçamento acima dos valores comerciais. Os contratos, para aquisição de materiais de construção, compunham a planilha de custos e eram vendidos de modo superfaturado.

Esquema com laranjas

Duas das empresas envolvidas encontram-se registradas sob nomes de laranjas. Os proprietários das companhias venceram quatro licitações para oferecer os produtos, entre 2017 e 2019. Três empresários, por meio de outras três firmas, atuaram promovendo ;coberturas fraudulentas e superfaturadas; às vencedoras dos certames, segundo o MPGO.

Os representantes das companhias, que faziam parte de um mesmo grupo, firmavam acordos para a apresentação de propostas com valores acima do mercado. No dia da sessão para escolha da vencedora, as demais deixavam de participar e a única restante ficava com o contrato.

A Justiça bloqueou R$ 2 milhões em bens dos empresários, cujas denúncias apresentadas pelo Ministério Público foram recebidas pelo poder Judiciário. Caso o grupo seja condenado, as penas podem ultrapassar 15 anos de prisão. O MPGO registrou, ainda, uma ação civil de improbidade administrativa pedindo a condenação dos envolvidos a penas de proibição de contratação com o poder público, suspensão dos direitos políticos e multa.

Contratos milionários

Coordenada pelos promotores de justiça Douglas Chegury e Fernanda Balbinot, a operação resultou de seis meses de investigações. ;Conseguimos muito material, que será analisado por nosso setor de inteligência. Temos muitas provas até para condenar (os denunciados) e, se for o caso, verificar a abertura de novas fases da operação;, afirmou Douglas, da 5; Promotoria de Justiça de Formosa.

Os pregões envolviam contratos de, aproximadamente, R$ 1,3 milhão, segundo apurado pelo Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM-GO). No entanto, o valor total do prejuízo ainda será calculado. Enquanto isso, os contratos ficam suspensos e os custos deverão ser ressarcidos ao erário.

;Também pedimos a quebra dos sigilos fiscal e bancário deles para fazer a comparação entre a evolução patrimonial, sobretudo da funcionária da prefeitura, que sabia do esquema. Acompanhamos em tempo real os acontecimentos para conseguir minimizar os danos. Pedimos o bloqueio de R$ 2 milhões, mas pode ser que as perdas sejam maiores que isso;, completou Douglas.