Ágatha Gonzaga
postado em 26/09/2019 06:00
O Instituto de Gestão Estratégica do Distrito Federal (Iges-DF) deve começar uma série de consultorias em unidades de saúde do DF, a partir de dezembro deste ano. O objetivo é aplicar às demais unidades o mesmo modelo de gestão utilizado hoje no Hospital de Base (IHBDF), no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), e também em seis UPAs, administradas pelo instituto.
O Iges vinha estudando junto ao Governo do Distrito Federal (GDF), estratégias que pudessem auxiliar o restante da saúde pública, e até mesmo assumir a administração de outros hospitais. Mas em recente entrevista ao CB.Poder, parceria do Correio e da TV Brasília, o governador Ibaneis Rocha (MDB) informou que ao invés de entregar mais unidades básicas de saúde ao instituto, o Iges seria responsável apenas pelas consultorias nos hospitais.
;Nós vamos começar escolhendo um deles, menor, e vamos cobrar índices, ver o que está faltando, se é medicamento, se é pessoal, e levar o modelo do Iges para dentro dos hospitais da rede pública sem interferir na gestão direta. Vai ter diretor, que vai ser público, vai ter o superintendente da regional, que vai ser público, mas nós vamos ter o acompanhamento dos índices de gestão e monitoramento pelo instituto. Não pode ser tudo privado. O que nós temos de criar é que modelos, então vamos pegar o que deu certo no Iges-DF e aplicar na rede pública;, explicou o governador.
Em entrevista ao Correio, o diretor-presidente do Iges, Francisco Araújo, também falou sobre a preservação do serviço público. ;Caso assumamos, por exemplo, quatro hospitais, estaremos manejando uma média de 6 mil servidores concursados. Vamos usar a expertise do instituto e capacitar os servidores que estão nas unidades para aplicar o modelo de gestão do Iges;, completou.
A criação do Iges-DF foi a grande aposta do governo Ibaneis para solucionar o caos na saúde pública. A entidade passou a funcionar há cerca de oito meses após a aprovação da Câmara Legislativa do DF (CLDF). Diferentemente do restante das unidades de saúde pública, o instituto ganhou um modelo híbrido (estrutura pública com gestão privada), em que é possível ter um Regulamento de Compras e Regulamento de Contratação de Pessoal. Esses dois instrumentos, possibilitam flexibilizar e acelerar processos, como a contratação de médicos, compra de equipamentos, medicamentos, além de operação de obras, sem a necessidade de processo de licitação. Com isso, os hospitais devem apresentar resultados mais rápidos, diminuição de filas de atendimento e melhor gestão de recursos.
Flexibilização
Questionado de que forma, então, o instituto seria capaz de reduzir as filas de espera nos demais hospitais, sem ter as prerrogativas do Iges, o diretor respondeu: ;Comprovadamente, nós sabemos que, hoje, na saúde, a flexibilização dos processos gera um resultado mais rápido para a população. Então, nós pactuamos com o governo um tripé que acreditamos para a área: comunicação direta com a população, informatização da Secretaria de Saúde e expansão do modelo de gestão. O Hospital de Base, por exemplo, é 100% informatizado do ponto de vista de protocolo médico, de prontuário eletrônico, nós consolidamos um sistema em que o paciente tem um tempo-resposta maior que em qualquer outro lugar;.Sobre a burocratização rede pública, o diretor acrescentou que o problema que emperra a secretaria é a burocracia, a forma como são feitos os processos. Tem licitação, por exemplo a de manutenção predial, que leva um ano para sair o processo. Aqui, no Iges, nós temos o regulamento de contratações, nossa equipe é mais rápida;.
Processo
Atualmente, o instituto trabalha com um efetivo de 7 mil funcionários, e a Secretaria de Saúde com 35 mil servidores públicos. As unidades que devem receber as consultorias, de no máximo de três meses, período dado pelo diretor-presidente como suficiente para aplicar o modelo de gestão, são: 16 hospitais públicos, um hospital universitário, e seis Unidades de Pronto Atendimento. De acordo com o gestor do Iges, ainda não há um levantamento exato de quanto esse serviço custará ao GDF, mas garante que como todo processo que passa pelo instituto, haverá garantia de transparência e controle efetivo dos investimentos.A reportagem solicitou à Secretaria de Saúde um balanço dos dados de fila de espera para cirurgias, atendimento médico e realização de exames dos últimos dois anos, e também deste ano sob a gestão do instituto, mas até o fechamento desta matéria, não houve retorno.
O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde (SindSaúde), informou, por meio de nota: ;A forma de gerir a máquina pública é ato discricionário do Executivo e, nesse tema específico, importa ao sindicato que o serviço continue sendo público para garantir à sociedade os princípios constitucionais do SUS, com agentes públicos contratados por concurso e com a consequente valorização dos servidores, através de política de fortalecimento das carreiras e o incremento dos equipamentos de saúde;.