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Arte ao alcance do celular

Iniciativa da família do artista e ex-professor da Universidade de Brasília (UnB) pretende reunir toda a obra de Glênio Bianchetti no Instagram

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 26/09/2019 04:18
Glênio Bianchetti faz parte de um seleto grupo de artistas que se identificaram com Brasília e deixaram um legado marcante
Reunir cerca de 3 mil obras de um artista em um só lugar. Ousado? Talvez, mas o projeto Casa Ateliê Glênio Bianchetti pretende exatamente isso. Como? Com a colaboração de todos que têm acesso a algum quadro do artista, que passou boa parte da vida em Brasília. Idealizado pela família, a ideia do projeto é reunir o máximo da obra de Glênio Bianchetti, que morreu em 2014, aos 86 anos. Para isso, é pedido para que qualquer pessoa que tenha algum contato com alguma obra do artista a fotografe e poste nas redes sociais usando #posteseuquadro e marcando o perfil @casaateliêglêniobianchetti.

Por enquanto, o foco é só nos quadros do artista. Uma segunda parte do projeto pretende catalogar as gravuras, painéis e tapeçarias. Isso porque boa parte das obras dele não chegaram a ser registradas. ;O objetivo é catalogar os quadros. Meu avô pintou milhares de quadros ao longo da vida e ele foi dando e vendendo, então não sabemos onde eles estão;, explica a neta do artista Julia Bianchetti.

De acordo com ela, além de catalogar, a ideia é tornar acessível as obras. ;Existem quadros que não temos registrado nem em foto. Minha família já está com o projeto de fazer uma galeria fixa, mas demanda de auxílio do governo. Então, primeiro faremos o digital, no Instagram, futuramente colocaremos em um site;, explica.

São tantos quadros, que a família não tem noção de quantos. ;É difícil ter uma dimensão. Para se ter uma noção, temos registrados mais de 2 mil quadros. Mas meu avô fazia exposições todos os anos com a média de 40 quadros desde a década de 1930;, ressalta Julia.

Para a família, formada por seis filhos, 16 netos e dois bisnetos, o avô é só orgulho. ;É muito privilégio. Ele faz parte do nascimento de Brasília. Ele entrou junto com a UnB;, ressalta a publicitária e consultora de imagem.


O legado em Brasília
O artista nasceu em Bagé (RS), município que faz divisa com o Uruguai, em 1928. De lá, foi estudar no Instituto de Belas Artes de Porto Alegre e, em 1951, fundou, ao lado de Glauco Rodrigues e Danúbio Gonçalves, o Clube de Gravura de Bagé, posteriormente incorporado ao Clube de Gravura de Porto Alegre, que realiza uma produção artística de caráter social.

Glênio foi professor de desenho e de pintura na Universidade de Brasília (UnB) assim que ela é inaugurada. Em 1965, foi afastado pelo regime militar e só retornou em 1988. ;Ele é um dos artistas mais importantes de Brasília. Tinha toda uma postura voltada para a arte de origem popular. Ele veio para a UnB para fazer parte do núcleo de artes da universidade. Em solidariedade com os colegas que estavam sofrendo na ditadura, ele sai da instituição;, conta o professor do Departamento de Artes Visuais da UnB Sérgio Rizo Dutra.

De acordo com ele, a obra do artista é de uma importância sem tamanhos para o Brasil. Ele também foi um dos principais criadores do Museu de Arte de Brasília (MAB). ;Na capital do país, ele desenvolveu um trabalho excepcional como pintor, com uma linguagem própria, assim como Athos Bulcão;, compara.

De acordo com o professor, reunir a obra de Bianchetti é um favor que a família está fazendo para as artes visuais. ;Acho que é uma necessidade. É uma iniciativa brilhante. Aqui em Brasília tem muitas obras dele, tem em vários órgãos públicos, como o Itamaraty e o Congresso e várias coleções particulares;, explica.


O museu
Inaugurado em 1985, o museu ocupa uma área de 4.800 m; e está situado às margens do Lago Paranoá, no Setor de Hotéis e Turismo Norte, entre a Concha Acústica e o Palácio da Alvorada. O MAB está fechado há mais de 10 anos e passa por uma reforma desde 2017.



Conheça algumas das obras de Bianchetti




















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