Jornal Correio Braziliense

Cidades

Unidades de preservação promovem espaços para conscientização ambiental

Jardim Botânico e Floresta Nacional são exemplos de unidades de preservação no DF

As unidades de preservação do Distrito Federal, além de serem um importante reduto de conservação para a fauna e para a flora do Bioma Cerrado, também são espaços para conscientização ambiental. Iniciativas de educação ambiental dentro de unidades, como o Jardim Botânico e a Floresta Nacional (Flona), mobilizam comunidades e formam multiplicadores da ideia de que, é preciso cuidar do planeta. ;No Cerrado, por exemplo, nascem rios importantes que alimentam as principais bacias hidrográficas do país e que sustentam boa parte dos brasileiros, como a bacia do rio São Francisco, do Rio Paraná, do Rio Paraguai e do Rio Araguaia;, destaca o ecólogo Maurício Godoi, 38 anos, um dos convidados da 3; Feira Ambiental do Jardim Botânico, que ocorre neste fim semana.


Godoi dará uma palestra sobre a importância de se utilizar embalagens biodegradáveis como solução para reduzir resíduos sólidos no meio ambiente. Lembra que o Cerrado é uma das regiões de maior biodiversidade do mundo com impacto em todo o ecossistema do país. ;A preservação do Cerrado, portanto, é importante para a conservação da biodiversidade típica das savanas sul-americanas;, completa.

O evento, promovido pelo Movimento Comunitário de Moradores do Jardim Botânico, é gratuito e terá dois dias de programação intensa com oficinas, cursos e outras atividades de lazer. Tudo dentro da temática do Lixo Zero ; conceito que defende o aproveitamento máximo de resíduos. Entre os temas abordados estão a compostagem, permacultura (modelo que cria ambientes humanos sustentáveis e produtivos em equilíbrio e harmonia com a natureza oferece), reutilização de recursos e cuidados necessários no descarte do lixo.

A proposta dos organizadores é que o fim de semana seja um momento descontraído e, ao mesmo tempo, de conscientização sobre a importância da preservação do Cerrado. O morador do Jardim Botânico Sérgio Pamplona, 54 anos, é um dos responsáveis pela área ambiental do movimento comunitário, e defende que atividades como as previstas para a feira são importantes para que a população entenda melhor sobre os processos ecológicos. ;A gente quer que o evento traga essa conscientização em relação aos resíduos. O que a gente faz com eles, como a gente faz, por que a gente gera tanto, como pode gerar menos;, explica. O arquiteto e permacultor conduzirá dois momentos da programação: um sobre a permacultura e o outro sobre a reutilização da água.

Eduardo Rizzotto dos Santos, 42 anos, servidor público, é morador do Guará, está ansioso para levar a família ao Jardim Botânico neste fim de semana. Ele, a mulher e os dois filhos participaram da última edição da feira, em 2017. ;O evento é gratuito e uma ótima oportunidade para espairecer a mente, principalmente para as crianças. O contato com a natureza e a educação ambiental são de grande importância para o desenvolvimento.;

Frequentadora do Jardim Botânico, a arquiteta Penélope Escandura não sabia da programação prevista, mas demonstrou apoio às ações de conscientização ambiental na unidade. ;O objetivo de vir ao Jardim Botânico são os nossos filhos. O máximo que eles puderem aprender e adquirir essa cultura em relação ao cuidado é importante. Quero envolver as meninas;, disse referindo-se às gêmeas Isabel e Rebeca, de 2 anos.

Também participam do evento dois grupos de trabalho de catadores de lixo que atuam em condomínios do Jardim Botânico. A cooperativa Ecolimpo, baseada em São Sebastião, e a associação Recicla %2b Brasil, que também está no Itapoã e Paranoá. ;A gente vai fazer uma oficina e falar da importância da coleta seletiva. Queremos colocar o público para ver como é o processo de triagem;, explica a representante do Ecolimpo, Ana Caroline Lima.

A estudante de engenharia ambiental ressalta a importância em se entender melhor sobre o tema para uma coleta seletiva. ;As pessoas ainda não estão sabendo fazer a separação (do lixo) correta. Em média, 50% do material que chega na cooperativa é rejeito e não dá para ser aproveitado, nem comercializado;, afirma Ana Caroline.

A constatação da cooperativa reflete os números oficiais do governo. Nos seis primeiros meses deste ano, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) recolheu, em todo DF, a média mensal de 64.178,28 toneladas de resíduos. Desses, em média 2.228,652 toneladas foram direcionadas à coleta seletiva por mês, e 19% do recolhido não pôde ser reciclado.

Desmatamento

De acordo com o Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o bioma do Cerrado perdeu metade da sua cobertura natural nos últimos 40 anos. Em relação ao DF, 354 quilômetros quadrados da cobertura natural foram desmatados neste ano.

3; Feira Ambiental do Jardim Botânico

No Jardim Botânico (SMDB, Área Especial, s/n ; Lago Sul ), neste sábado (28/9) e domingo (39/9), das 9h às 17h. O evento é gratuito, mas é necessário fazer o pagamento de entrada na unidade de conservação (R$ 5. Crianças até 12 anos não pagam). Fazem parte da programação palestras sobre compostagem e coleta seletiva, a tradicional troca de brinquedos entre crianças, uma trilha adaptada para deficientes visuais, entre outras atividades culturais e gastronômicas para toda a família. A programação completa está disponível no endereço: feiraambiental.mcjb.org.br. Em algumas atividades, é necessário realizar cadastro prévio.

Projeto Rede Cerrado Com Vida, Floresta Nacional

Contato: cerradocomvida@gmail.com ou pelo Facebook do grupo ;Cerrado, te quero bem;.