Walder Galvão
postado em 28/09/2019 21:43
O julgamento da arquiteta Adriana Villela cumpriu seu sexto dia. Neste sábado (28/9), cinco testemunhas de defesa prestaram depoimento no Tribunal do Júri de Brasília. A sessão começou por volta das 9h30 e terminou às 21h39. A expectativa para domingo (28/9) é de que mais duas pessoas escolhidas pelos advogados da ré prestem esclarecimentos.
O sexto dia de julgamento terminou com o interrogatório de André Victor Espírito Santo, delegado aposentado e, na época, integrante da diretoria de coordenação das delegacias circunscricionais do Distrito Federal. Quando o crime aconteceu, ele foi designado para mediar o contato entre a família e a polícia. Para ele, Adriana é inocente. ;Desde o princípio, acreditei na hipótese de latrocínio, e eu não a conhecia," frisou.
A tese de André se embasa no interrogatório de Leonardo Campos Alves, ex-porteiro do prédio em que os pais de Adriana moravam e um dos três condenados pelo triplo homicídio. ;Estive com ele (Leonardo) de 5 a 10 minutos e ele negou que Adriana tenha participado do crime, mesmo após ser informado que a pena cairia 20 ou 10 anos caso a acusasse," reforçou o delegado aposentado.
Para o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), André passava informações privilegiadas à Adriana e, por isso, chegou a responder por quebra de sigilo funcional na Polícia Civil. No entanto, a defesa argumentou que ele só prestava assistência a uma família que havia acabado de perder um integrante. Ao júri, André afirmou que a acusação contra ele foi arquivada.
Questionado pelo Ministério Público, o delegado aposentado admitiu que tinha amigos em comum com Adriana, como os próprios irmãos, e que chegou a morar na mesma quadra que ela, mas contou que conheceu a ré apenas após o crime.
Ainda durante a oitiva de André, a defesa exibiu um vídeo que mostrou Leonardo confessando o crime e negando a participação de Adriana à imprensa. O sentenciado comentou, ainda, que foi humilhado por José Guilherme Villela, pai da acusada.
Embate
Durante o depoimento de André, Marcelo Turbay, um dos advogados de Adriana, citou uma reportagem do Correio Braziliense. A matéria de 19 de novembro de 2010 afirma que o procurador de Justiça do MPDFT Maurício Miranda esteve na Coordenação de Crimes Contra Vida (Corvida) para participar de uma reunião com Mabel de Faria, uma das delegadas da divisão. A unidade é uma das delegacias que investigou o crime. Para a defesa, os dois estariam articulando contra Adriana.
O advogado da acusação se irritou com a alegação de Marcelo e informou que a matéria do Correio não era verdadeira e que não esteve em reunião naquele dia. A reportagem cita que Mabel não tinha dúvidas sobre a participação de Adriana no crime e que a investigadora viajaria para Montalvânia (MG) para colher depoimento de Paulo Cardoso Santana, um dos condenados pelo crime.
Apesar de dizer que a reportagem mentiu, Maurício chegou a conversar com a equipe do Correio e informou que as investigações estavam bem do jeito que tinham de ser e que não adiantava "achar a verdade por meio da ilegalidade", pois isso rompia "com o direito democrático".
Entenda o caso
A arquiteta e artista plástica Adriana Villela é suspeita de encomendar o assassinato dos próprios pais ; o ministro aposentado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela e a advogada Maria Villela ;, além de Francisca Nascimento Silva, que trabalhava com a família havia 30 anos. Em 28 de agosto de 2009, os três foram esfaqueados até a morte, no caso que ficou conhecido como Crime da 113 Sul.