Cidades

Oitiva de duas testemunhas encerra 7º dia de julgamento de Adriana Villela

Após depoimento de 24 testemunhas, ouvidas ao longo de sessões que somam mais de 70 horas, a acusada se prepara para falar ao júri pela primeira vez

Walder Galvão, Jéssica Eufrásio, Alan Rios
postado em 29/09/2019 23:55
Adriana Villela, no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), na sexta-feira (27/9) O julgamento mais longo registrado na história do Distrito Federal caminha para a fase final. Acusada de ser a mandante do assassinato dos pais e de uma funcionária da família, a arquiteta e artista plástica Adriana Villela se sentou no banco dos réus por mais dez horas, durante o sétimo dia de audiências.

Nesta segunda-feira (30/9), será a vez da acusação e defesa apresentarem peças extras do processo, como cartas, vídeos e outros materiais que possam ser de relevância para o julgamento.

As audiências do processo, analisado em júri popular, começaram em 23 de setembro. Nesta sétima sessão, chegou ao fim a fase de oitivas das testemunhas. No total, 24 pessoas prestaram depoimento à Justiça: oito convocadas pela acusação e 16, pelos advogados de Adriana.

A estratégia da defesa se baseou em mostrar, por meio de uma linha do tempo, onde a acusada esteve em 28 de agosto de 2009, quando o ministro aposentado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela; a advogada Maria Carvalho Mendes Villela e a empregada doméstica Francisca Nascimento da Silva foram assassinados a facadas.

A acusação, por sua vez, exibiu depoimentos de familiares de Francisca falando da relação da Adriana com os pais. Na sessão deste domingo (29/9), a defesa pediu para que o juiz-presidente do tribunal do júri pulasse a fase de apresentação das peças e seguisse com o interrogatório de Adriana. No entanto, diante da contestação do Ministério Público, que defendeu a execução da etapa processual, o magistrado negou a manifestação da defesa. A oitava audiência está marcada para as 9h.

Dia a dia


Relembre o que aconteceu em cada um dos sete dias de audiências, que somam mais de 70 horas de duração:

23 de setembro
As sessões começaram com o depoimento de uma testemunha de acusação, a delegada aposentada Mabel Alves de Faria Corrêa, que estava à frente da antiga Coordenação de Crimes Contra a Vida (Corvida) em 2009. O depoimento durou quase 10 horas. Mabel criticou inconsistências na apuração da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), unidade chefiada, à época, pela delegada Martha Vargas.

24 de setembro
Quatro testemunhas foram ouvidas. Renato Nunes Henrique, delegado de Montalvânia (MG), explicou o trabalho durante diligências em 2010, quando três suspeitos de cometer o crime foram presos em Minas Gerais. Michele da Conceição Alves, filha de Leonardo,um dos três condenados pelos assassinatos, afirmou que Adriana mandou matar os pais. Luiz Julião Ribeiro, titular da Corvida à época, disse que Leonardo contou que Adriana estava na cena do crime.

25 de setembro
Ecimar Loli, delegado da Corvida em 201009, foi a sétima testemunha interrogada e detalhou o que ouviu de suspeitos.O procurador de justiça Maurício Miranda leu uma carta de 2006, escrita pela mãe da ré, Maria Villela, que, segundo ele, comprovaria uma má relação familiar. A primeira testemunha de defesa prestou depoimento: Rosa Masuad Marcelo afirmou que Adriana e Maria tinham bom relacionamento.

26 de setembro
A defesa de Adriana apresenta sete testemunhas. Enio Esteves, irmão de um ex-namorado de Villela que morreu em 1983, disse que nunca presenciou brigas entre a arquiteta e os pais. Marcos Menezes Barberino Mendes, primo de Adriana, e Célia Barberino Mendes Sena, tia dela, informaram ao júri que a ré era amorosa. Elimar Pinheiro, professor de mestrado de Adriana, contou ao júri que a acusada era uma boa aluna e chamava atenção pelo dinamismo.

27 de setembro
Rodrigo Meneses de Barros, papiloscopista do Instituto de Identificação (II) da Polícia Civil do DF e testemunha de acusação, produziu um laudo que indica que Adriana mentiu quanto à última data em que ela esteve no apartamento dos pais. Juliano de Andrade Gomes, perito do Instituto de Criminalística (IC) da PCDF e testemunha de defesa, elaborou um parecer técnico sobre o primeiro laudo. A análise de Rodrigo, segundo Juliano, deixou de considerar variáveis que poderiam alterar os resultados.

28 de setembro
A defesa de Adriana apresentou álibis que comprovariam que ela não esteve no apartamento dos pais no dia do crime. Francisco das Chagas Leitão, amigo de faculdade da ré, contou que estava com a arquiteta no dia do crime, em um seminário. Os dois teriam ficado juntos entre 14h e 18h. A amiga Graziela Ayres Ferreira Dias foi a 19; testemunha a ser interrogada. Ao júri, ela contou que esteve com Adriana no dia dos assassinatos e que teria chegado em casa no fim da tarde ou início da noite, deixando o local às 20h57.
29 de setembro
As duas últimas testemunhas, escolhidas pela defesa, prestaram depoimento. Os advogados de Adriana levaram um perito criminal para ser ouvido. Sami El Jundi, funcionário do Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP/RS), fez um "exercício de retrospectiva sobre o caso". Ele confrontou informações contidas no processo, como laudos periciais de corpo e local. O ministro aposentado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Pedro Augusto de Freitas Gordilho também depôs a pedido da defesa. Amigo da família Villela desde 1960, ele disse acreditar na inocência de Adriana.

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