postado em 30/09/2019 04:12
Após uma semana de audiências, a arquiteta e artista plástica Adriana Villela será interrogada hoje no Tribunal do Júri de Brasília. Defesa e acusação estimam que o depoimento dela durará o dia inteiro. Acusada de ser mandante do triplo homicídio dos pais. José Guilherme e Maria Villela, e da empregada da família, a ré protagoniza o julgamento mais extenso registrado na história do Distrito Federal. Desde a última segunda-feira, quando começaram as oitivas, 24 testemunhas prestaram esclarecimentos à Justiça em relação ao caso de 2009, conhecido como Crime da 113 Sul.
Ontem, os advogados de Adriana levaram um perito criminal para prestar depoimento como testemunha. Sami El Jundi, funcionário do Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP/RS), fez um ;exercício de retrospectiva sobre o caso;. A técnica, segundo ele, é usada pelo FBI ; a polícia federal dos Estados Unidos. A partir da análise, ele confrontou informações contidas no processo, como laudos periciais de corpo e local.
Para Sami, os Villela eram ;vítimas de baixo risco para violência;. Ele comentou que, apesar de a família morar em um ambiente relativamente seguro, a condição patrimonial do casal contribuía para que fossem alvo em potencial. Após analisar laudos da investigação, o perito identificou o uso de pelo menos dois tipos de arma branca, o que apontaria a existência de dois agressores.
Durante a argumentação, Sami exibiu fotos dos corpos das vítimas para explicar a dinâmica do crime. Nesse momento, Adriana e familiares dela deixaram o plenário do Tribunal do Júri por orientação dos advogados. Ao júri, Sami defendeu que os elementos colhidos nas análises periciais indicam que o crime não se tratava de um homicídio, mas de um latrocínio. Os autores, segundo o perito, teriam entrado no apartamento para roubar. No entanto, por um motivo não identificado, mataram as vítimas. Para ele, o caso corresponde a um crime de oportunidade.
Questionado se a mesma análise poderia ser usada para indicar um homicídio, Sami refutou a possibilidade e disse que o fato de os criminosos deixarem itens como joias e dinheiro no apartamento mostra que eles agiram por impulso. ;A própria incompletude do ato mostra isso (intenção de latrocínio). Se tivessem entrado para cometer um homicídio, teriam todo o tempo do mundo para completar o ato;, reforçou o perito.
Testemunha
Ontem, o ministro aposentado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Pedro Augusto de Freitas Gordilho também prestou depoimento a pedido da defesa. Amigo da família Villela desde 1960, ele acredita na inocência de Adriana. ;Ela não contrataria assassinatos para matarem os próprios pais;, avaliou. Ele acredita que a ré era amada pelos pais e que não seria capaz de ser a mandante do crime.
Pedro definiu a personalidade de Adriana como forte, mas disse que os atritos entre ela e as vítimas não resultariam em homicídio. ;Há momentos em que as cordas ficam mais esticadas e há necessidade de os pais colocarem freios em determinados procedimentos dos filhos;, argumentou o ministro aposentado, após ser questionado sobre uma carta com críticas enviada por Maria Villela à filha, em 2006.
24
Quantidade de testemunhas de defesa e de acusação