Alan Rios
postado em 30/09/2019 10:08
O julgamento de Adriana Villela, o mais longo com réu único da história do Distrito Federal, chega à segunda semana nesta segunda-feira (30/9). A oitava sessão começou às 9h34, com leitura das peças, ou seja, uma síntese das principais partes dos autos do processo. A expectativa é de que a ré preste depoimento ainda nesta segunda ou na terça-feira pela manhã, dependendo dos vídeos de depoimentos mostrados por defesa e acusação.. De acordo com a assessoria de Adriana, a fala deve durar cerca de seis horas. O depoimento mais longo, até então, ocorreu no primeiro dia de julgamento, quando a delegada aposentada Mabel Alves de Faria Corrêa atuou como testemunha de acusação.
Confira um resumo dos sete dias de julgamento:
Primeiro dia, 23 de setembro
As sessões foram abertas por uma testemunha de acusação, a delegada aposentada Mabel Alves de Faria Corrêa, que estava à frente da antiga Coordenação de Crimes Contra a Vida (Corvida) em 2009. O depoimento dela durou quase 10 horas. As declarações de Mabel criticaram inconsistências na apuração da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), então chefiada por Martha Vargas. Mabel afirmou que a delegada da 1; DP chegou a prender três suspeitos do crime seguindo dicas de uma vidente. ;Jamais enfrentei uma situação como a daquela época, em que a minha própria instituição trabalhava para que a investigação caminhasse para o que não é a verdade; disse a testemunha.
Segundo dia, 24 de setembro
Terceiro dia, 25 de setembro
Possíveis motivações para o crime e a personalidade de Adriana Villela foram tópicos que começaram a ser discutidos por testemunhas de acusação. Ecimar Loli, então delegado da Corvida, foi a sétima testemunha interrogada e detalhou as oitivas que colheu de acusados. Segundo ele, Paulo Cardoso Santana também disse que a ré estava presente na hora dos assassinatos. ;Paulinho relata que Adriana Villela ria, xingava e gritava com o pai na hora da execução, dizendo que ele iria para o inferno;, disse Loli. O procurador de Justiça Maurício Miranda leu, ainda, uma carta escrita pela mãe da ré, a advogada Maria Villela, em 2006, em que a vítima diz: ;Se você sofre de agressividade compulsiva, procure um tratamento adequado, porque isso está lhe fazendo muito mal;, o que comprovaria a má relação familiar. A primeira testemunha de defesa prestou depoimento no dia. Rosa Masuad Marcelo disse que mãe e filha tinham bom relacionamento.
Quarto dia, 26 de setembro
A defesa de Adriana apresenta sete testemunhas. O debate ainda é pautado no convívio da ré com amigos e parentes. Enio Esteves, irmão de um ex-namorado de Villela que morreu em 1983, relatou que chegou a frequentar o apartamento do casal na década de 1990 e nunca presenciou brigas da arquiteta com os pais. Marcos Menezes Barberino Mendes, primo de Adriana, e Célia Barberino Mendes Sena, tia dela, informaram ao júri que a ré era amorosa, apesar do temperamento forte. ;Adriana é uma mulher intensa, cheia de opinião. Não aceitava o lugar comum e a mãe também era assim;, disse o primo. A tia disse não conhecer nenhuma discussão familiar sobre dinheiro. O professor de mestrado de Adriana, Elimar Pinheiro, disse ao júri que a acusada era uma boa aluna e chamava atenção pelo dinamismo. ;É uma pessoa que não tem apego pelo financeiro;, reforçou.
Quinto dia, 27 de setembro
Argumentações técnicas e científicas pautaram o julgamento devido a duas provas conflitantes utilizadas na investigação. Rodrigo Meneses de Barros, papiloscopista do Instituto de Identificação (II) da PCDF e testemunha de acusação, produziu um laudo que indica que Adriana mentiu quanto à última data em que ela esteve no apartamento dos pais. A marca da palma da mão de Adriana em um armário do escritório da casa dos pais foi colhida no dia 2 de setembro de 2019, e testes do II mostraram que essa digital só poderia ter sido deixada no local no dia do crime ou em um intervalo de até nove dias antes. Já Juliano de Andrade Gomes, perito do Instituto de Criminalística da PCDF e testemunha de defesa, fez um parecer técnico sobre o laudo do papilocopista. De acordo com ele, a análise de Rodrigo deixou de considerar diversas variantes, que poderiam alterar os resultados, como condições de temperatura e umidade e uso de cosméticos nas mãos.
Sexto dia, 28 de setembro
A defesa de Adriana Villela começou a apresentar álibis que comprovariam que ela não esteve no apartamento dos pais no dia do crime, como acusado. Francisco das Chagas Leitão, amigo de faculdade da ré, contou que estava com a arquiteta, no dia do triplo assassinato, em um seminário. De acordo com ele, os dois teriam ficado juntos entre 14h e 18h. A amiga Graziela Ayres Ferreira Dias foi a 19; testemunha a ser interrogada. Ao júri, ela contou que também esteve com Adriana no dia do crime. Ela teria chegado à casa dela no fim da tarde ou início da noite e teria deixado o local às 20h57. ;Na hora que Adriana saiu, eu liguei a televisão e estava no final do Jornal Nacional;, informou a testemunha.
Sétimo dia, 29 de setembro
Chega ao fim a fase de oitivas das testemunhas. No total, 24 pessoas prestaram depoimento: oito convocadas pela acusação e 16, pelos advogados de Adriana. A estratégia da defesa se baseou em mostrar, por meio de uma linha do tempo, onde a acusada esteve em 28 de agosto de 2009, quando o ministro aposentado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela; a advogada Maria Carvalho Mendes Villela e a empregada doméstica Francisca Nascimento da Silva foram assassinados a facadas. A acusação, por sua vez, exibiu depoimentos de familiares de Francisca falando da relação da Adriana com os pais.