Cidades

Dupla tentativa de feminicídio

Homem é preso depois de esfaquear a companheira e a enteada. Segundo testemunhas, ele não aceitava o fim do relacionamento. Vítimas estão internadas no Hospital Regional de Ceilândia e não correm risco de morrer

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 02/10/2019 04:15
Um homem de 39 anos foi preso após esfaquear a namorada e a filha dela, em Ceilândia. As vítimas foram atacadas na casa onde moram, na QNP 26, no Setor P Norte, em Ceilândia. O suspeito usou uma faca para golpear as mulheres, na tarde de segunda-feira. Depois, foi pego por populares que tentaram linchá-lo, mas acabaram impedidos pela Polícia Militar. A 15; Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro) trata o crime como dupla tentativa de feminicídio.

A investigação inicial aponta que o suspeito teria discutido com a mulher quando ela decidiu colocar um fim na relação de, aproximadamente, dois meses. Ele pegou uma faca de cozinha e a golpeou sete vezes. Desesperada, a filha dela tentou intervir e, para defender a mãe, entrou no meio da briga e acabou sendo esfaqueada quatro vezes.

Vizinhos da família escutaram a discussão e os gritos de socorro e acionaram o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar. Nesse momento, o suspeito tentou fugir da residência. Contudo, moradores mais próximos conseguiram detê-lo e começaram uma série de agressões. Militares impediram o linchamento para que o homem não fosse morto. Por causa das lesões, o agressor e as vítimas precisaram ser encaminhados para o Hospital Regional de Ceilândia (HRC).

O acusado recebeu atendimento prévio e, em seguida, foi preso em flagrante e levado pelos policiais militares para a 15; DP. A arma do crime também foi apreendida. ;Para nós, o caso está encerrado, porque o crime já foi comprovado e o autor está preso. Caso ele seja condenado, pode pegar até 30 anos de prisão pelas duas tentativas;, disse o delegado-chefe da 15; DP, Antônio Dimitrov.

A Polícia Civil afirmou que o suspeito tinha antecedentes criminais, inclusive por outros casos de violência contra mulher, mas não soube precisar quantas vezes ele havia sido denunciado. Um parente das vítimas, que não quis se identificar, contou que o suspeito não aparentava ser agressivo e que o casal vivia bem. ;Até que um dia, um mês depois que estavam juntos, ele teve uma crise de estresse e jogou o próprio celular contra a parede. A gente estranhou aquele comportamento, porque ele sempre foi bastante tranquilo e fazia tudo por ela (a namorada);, disse o familiar.

O casal morava junto. Os dois estavam noivos há poucos dias. ;Ele deu uma aliança de ouro. Pareciam felizes. Mas, do nada, ele falou coisas negativas sobre ela, dizendo que ela não prestava e outras coisas do tipo. Foi aí que ela decidiu terminar e acabou dessa forma;, relatou o familiar. Mãe e filha continuam internadas e sem previsão de alta. A jovem precisou passar por uma cirurgia no abdômen, devido a uma facada mais forte que levou na região. Elas estão estáveis e não correm risco de morrer.

Vítimas

Este ano, 25 mulheres foram vítimas de feminicídio no Distrito Federal. Cinco assassinatos apenas em setembro. Os casos mais recentes foram confirmados na última segunda-feira. Adriana Maria de Almeida, 29 anos, morreu depois de levar 32 facadas. O principal suspeito é o marido dela, Wellington de Sousa Lopes, 37, que, até o fechamento desta edição, ainda estava foragido.

Tatiana Luz da Costa, 34, morreu após ter 90% do corpo queimado. O crime ocorreu em 23 de setembro. Internada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), não resistiu aos ferimentos e veio a óbito na manhã de segunda-feira, devido a uma parada cardiorrespiratória. De acordo com a Polícia Civil, a principal suspeita é a companheira da vítima, Vanessa Pereira de Souza, 34.

Dados mais recentes da Secretaria de Segurança Pública ; de janeiro a agosto de 2019 ; mostram que 47% dos autores de feminicídio na capital são cônjuges ou companheiros das vítimas, seguido de namorado (16%) e ex-companheiro (11%). Cerca de 84% dos crimes são cometidos na residência da vítima, 11% em via pública e 5% no local de trabalho da mulher.

Saiba onde procurar ajuda

; Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência
O serviço gratuito da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República serve como disque-denúncia em casos de violência contra a mulher
Telefone: 180

Centro de Atendimento à Mulher (Ceam)
Espaços de acolhimento e atendimento psicológico, social, orientação e encaminhamento jurídico
Funcionamento: de segunda a
sexta-feira, das 8h às 18h
Locais: 102 Sul (Estação do Metrô), Ceilândia, Planaltina

Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)
Endereço: Entrequadra 204/205 Asa Sul
Telefone: 3207-6172
Disque: 100

; Ministério da Mulher
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos recebe ligações gratuitas por telefone 24h para quem precisar fazer denúncias de violência que acabou de acontecer ou que está em curso
Telefone: 100

; Núcleos de Atendimento à Família e aos Autores de Violência Doméstica (Nafavds)
Acompanhamento psicossocial às vítimas, familiares e autores
Locais: Brazlândia, Gama, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Planaltina, Samambaia, Santa Maria, Sobradinho e no Plano Piloto

; Programa de Prevenção à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar
O serviço de acompanhamento de famílias está disponível em todos os batalhões e conta com 22 equipes
Telefones: 3910-1349 / 3910-1350

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