A Polícia Civil concluiu o inquérito que apurou a morte da auxiliar de cozinha Genir Pereira de Sousa, 47 anos, e indiciou o cozinheiro Marinésio dos Santos Olinto, 41, por feminicídio. Investigadores encontraram o corpo de Genir em 12 de junho, 10 dias após o desaparecimento dela, em um matagal entre Planaltina e Paranoá. No dia 1; daquele mês, após sair da casa do namorado, ela se dirigiu até o condomínio onde a patroa morava, em Planaltina. Ao deixar o lugar, entrou no veículo de Marinésio, que a abordou em uma parada de ônibus da região, se passando por motorista de transporte pirata, segundo a investigação. No total, Marinésio é acusado de pelo 21 crimes, entre feminicídios e estupros.
Segundo a delegada-chefe da 6; Delegacia de Polícia (Paranoá), Jane Klébia, a morte de Genir se enquadra como feminicídio. ;Nas declarações, Marinésio afirmou que a estuprou e, em seguida, resolveu matá-la. Conforme a Lei n; 13.104, o feminicídio se configura quando uma mulher é morta simplesmente por ser do sexo feminino. Além disso, envolve o menosprezo, a discriminação e a humilhação, e foi isso o que ele fez;, explicou.
A denúncia contra o acusado seguirá para o Tribunal do Júri do Paranoá. Caso seja condenado, Marinésio poderá pegar até 30 anos de prisão. Ele responde, ainda, pela morte da funcionária do Ministério da Educação Letícia Sousa Curado, 26, investigada pela 31; Delegacia de Polícia (Planaltina). O corpo da advogada foi encontrado na DF-250, próximo ao Vale do Amanhecer, em Planaltina. Ela também pegou carona com Marinésio, que novamente se passou por motorista de transporte clandestino.
Outros casos
Agentes da Polícia Civil apuram outros possíveis casos ligados a Marinésio. Desde a morte de Letícia e Genir, sete mulheres procuraram delegacias da capital. Cinco denúncias são investigadas na 31; DP (Planaltina). Os relatos indicam que o acusado tinha o costume de se apresentar como motorista de transporte pirata para convencer as vítimas a entrarem no carro dele ; nos casos de Letícia e Genir, ele usou uma Blazer prata.
Outras duas ocorrências são apuradas pela 6; DP: a de uma adolescente de 17 anos e a de uma copeira, de 43. Ambas sobreviveram aos ataques do acusado, mas sofreram abusos. A mais jovem, abordada em abril deste ano, informou que o maníaco usou uma faca para obrigá-la a entrar em um Palio vermelho ; a polícia apreendeu o veículo. A copeira teria sido violentada por Marinésio em 2017, no Paranoá.
Os dois inquéritos estão sob investigação. No caso da adolescente, a PCDF indiciou Marinésio por estupro. Entretanto, ainda não há provas suficientes no caso da copeira. ;Em seu relato, a mulher fez o reconhecimento de um homem negro, e Marinésio não é negro. O retrato falado também foi equivocado. Isso dificulta as investigações;, ressaltou Jane Klébia.
Na Divisão de Repressão a Sequestros (DRS), Marinésio é suspeito de quatro desaparecimentos de mulheres. Ele prestou esclarecimento sobre um dos casos, o da empregada doméstica Gisvânia Pereira dos Santos, 33, sumida desde outubro do ano passado, em Sobradinho. O cozinheiro negou envolvimento. Há suspeita também de que o acusado tenha participação de outros dois casos de 2013: o da garçonete Fabiana Santana Alvez, 21, que desapareceu no Itapoã, e o de Vanessa da Silva Cardoso, 28, em Planaltina.
Outro crime que tem Marinésio como suspeito é o da babá Antônia Rosa Rodrigues Amaro, 47, em 2015. Ela sumiu no Lago Sul, ao pegar um transporte pirata. O corpo da vítima foi encontrado em córrego do Paranoá, um ano depois. Na 10; DP (Lago Sul), a polícia reabriu em agosto o inquérito sobre a morte de Carolina Macedo Santos, 15. Ela era amiga da filha de Marinésio e vizinha da família. A jovem sumiu em 17 de maio de 2018, em uma parada de ônibus no Vale do Amanhecer, em Planaltina. Dias depois, ela apareceu morta no Lago Paranoá. O laudo cadavérico indicou sinais de asfixia.
* Estagiária sob supervisão de Guilherme Goulart
Sob suspeita
Um dia após assassinar Letícia, Marinésio ofereceu carona para duas irmãs, uma de 18 e outra de 21 anos. As mulheres contaram à polícia que saíram de uma festa, perto da rodoviária de Planaltina, na madrugada de 24 de agosto, quando foram abordadas por ele. Elas aceitaram o transporte, mas durante o percurso, ele mudou o trajeto combinado e as assediou. As irmãs conseguiram escapar, depois que uma das jovens ameaçou quebrar o carro com uma barra de ferro que estava no banco de trás do veículo.