postado em 05/10/2019 04:15
Encontrar, inesperadamente, uma amiga ou um amigo que só pela presença altera o estado de espírito.
Circular de bicicleta pelo Eixão durante os domingos ou feriados com as crianças.
Assistir a uma virada espetacular do Corinthians aos 44 minutos do segundo tempo.
Fazer uma caminhada pela cidade, pois a luz brasiliana traz felicidade, como diz o poeta Francisco Alvim.
Ir ao Estádio Mané Garrincha e ver uma legião urbana de crianças fazendo festa em dia de jogo do Flamengo.
Acompanhar as florações de cada árvore de Brasília: os algodões das paineiras, o incêndio dos ipês na época da seca e o esplendor dos flamboyants.
Apreciar em um terreno baldio a caliandra, flor extraterrestre, segundo Ana Miranda.
Apanhar amoras no Eixão, em um feriado, e ver o olhar de felicidade das crianças.
Acordar às cinco da manhã para fazer tai-chi e sentir a visão do esplendor da alvorada brasiliana chegando épica, com toda pompa.
Caminhar pelo Parque Olhos d;água e lembrar que ele começou com a descoberta de nascentes pelas crianças e foi conquistado pelos brasilienses contra todas as pressões da especulação imobiliária.
Passar pela Ponte JK e ver um verdadeiro cinema transcendental desdobrar-se nas retinas.
Ir ao Clube do Choro e ver Reco do Bandolim comentar os shows: ;Coisa de louco, coisa de louco!”
Acordar com uma sinfonia de pássaros e perceber que a cidade de árvores mirradas de plástico, de que falava Clarice Lispector, se transformou efetivamente em cidade-parque.
Circular de carro pelas intermináveis vias da cidade que estacionam nas nuvens ouvindo um CD da Legião Urbana. Quem vai nos proteger? É só o amor...
Estar de férias em uma praia e, de repente, surfar nas nuvens de Brasília com uma canção do Natiruts na orla marítima. Divertir-se com o fato de que Brasília é uma praia sem mar, mas produz a trilha sonora para o verão praieiro.
Olhar para o horizonte aberto da cidade espacial e sentir a proximidade com o infinito.
Assistir a um show de Teresa Lopes na Feijoada com samba, no sábado, no Clube do Choro.
Encontrar no mercado com uma leitora que acompanha a Crônica da Cidade.