postado em 06/10/2019 04:16
Possivelmente, a principal tendência da economia do Distrito Federal, assumindo que sua relação com o Brasil se mantenha, é de que o DF mostre números moderados e positivos nos próximos anos. Diante dessa expectativa de recuperação econômica gradual, porém consistente, fica a pergunta: quais serão os setores econômicos responsáveis por essa trajetória?
Para responder a essa questão, primeiramente cabe notar que a administração pública representa 44,7% da economia do DF (IBGE) e que o grave quadro fiscal do governo federal tende a resultar em uma estagnação do setor público por alguns anos. Em segundo lugar, podem-se observar algumas características da população do DF com dados da Codeplan. As projeções demográficas mostram um rápido envelhecimento, e os números das pesquisas domiciliares e de emprego apontam para um alto nível de escolaridade e um rendimento médio local que chega a ser o dobro da média nacional.
Essas informações, quando analisadas conjuntamente, apontam alguma direção. O DF possui alto potencial de consumo de bens e serviços de maior valor agregado. Isso tende a favorecer a oferta de serviços de saúde, veterinária, educação, construção, bens e serviços da economia criativa e produtos financeiros (seguros, previdência complementar, crédito e financiamentos).
Ademais, deve-se considerar, entre as tendências produtivas, as inovações da indústria 4.0, as mudanças na prestação de serviços por aplicativos e a compreensão por parte das empresas de que a coleta e o processamento da informação são um ativo e um aliado do setor produtivo. Com isso, as atividades de tecnologia da informação merecem destaque para possibilidade de crescimento; entre elas, a ciência de dados e de desenvolvimento de aplicativos e de sistemas. Note-se, ainda, que o governo federal é um dos principais consumidores de tecnologia da informação do país, o que gera riqueza e cria empregos no DF.
Por fim, sob a ótica de uma população cada vez mais conscientizada acerca do meio ambiente, a demanda pela produção de energia solar em residências; pelo uso de veículos, bicicletas e patinetes elétricos; e a redução da produção de resíduos sólidos, são exemplos de mudanças no consumo que tendem a gerar outras atividades: comércio e manutenção de produtos e peças como baterias e placas solares, produção de itens biodegradáveis ou com possibilidade de reúso.
Esses são alguns segmentos que têm mostrado potencial de crescimento e fortalecimento dentro do contexto atual da economia local. É sempre desafiador olhar para os números e projetar algum resultado. Contudo, é essencial que se faça o exercício de pensar o futuro, analisando as informações disponíveis e a trajetória passada, para que se possam identificar as adversidades e criar as estratégias que venham a gerar postos de trabalho e absorver a elevada massa de desocupados que hoje tem o Distrito Federal.
Clarissa Jahns Schlabitz é economista e gerente de contas e estudos setoriais da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan)