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Alegria marca a entrega de carrinhos no Hospital da Criança de Brasília

Hospital da Criança de Brasília inaugurou nove carrinhos que serão usados para transportar os pacientes às salas de exame. O intuito é deixar o tratamento mais confortável para crianças e adolescentes

Caroline Cintra
postado em 09/10/2019 06:00

[FOTO1471737]Antes mesmo da chegada do Dia das Crianças, comemorado no próximo sábado, os pacientes do Hospital da Criança de Brasília José Alencar foram presenteados. Nesta terça-feira (8/10), a unidade de saúde inaugurou carrinhos motorizados que serão usados para o transporte às salas de exame. O intuito é promover atendimento humanizado, a fim de buscar diminuir o desconforto causado pelas doenças e tratamentos. Além disso, a adoção dos veículos pode estimular meninos e meninas a saírem dos leitos.


A frota é composta por nove veículos: quatro elétricos, que podem ser conduzidos pelas próprias crianças; dois elétricos guiados por controle remoto e três não motorizados. O superintendente executivo do HCB, Renilson Rehem, explicou que existe uma preocupação em fazer da unidade um ambiente menos hospitalar, leve e lúdico. ;Hospital gera uma mudança grande na vida da criança. Iniciativas como essas deixam a criança mais relaxada e menos tensa. Isso interfere até no procedimento que ela vai passar. Faz com que a cirurgia transcorra melhor, por exemplo;, disse.

Renilson contou que o uso dos carrinhos começou com dois sem motor. Devido ao sucesso entre as crianças, o hospital comprou dois motorizados. Outros dois foram doados à unidade: um por funcionários do próprio HCB ; que se mobilizaram e realizaram uma vaquinha para arrecadar o valor ;, outro por um grupo de associados do Iate Clube, que juntou a quantia durante um torneio de beach tennis. A vice-diretora da equipe de tênis de praia, Cecília Moço, fez questão de prestigiar o evento de entrega dos carrinhos. ;É uma vontade de chorar o tempo inteiro. A gente deixa de ser egoísta, doa um tempo para ajudar as crianças, sai do trabalho para ver o rosto e a alegria de cada um deles;, declarou.

Sorrisos e olhos brilhando. Assim as crianças receberam a novidade no hospital. Momentos de distração e entretenimento aliviam a tensão dos dias ali. Há menos de um ano, Francisco Moura, 4 anos, descobriu uma leucemia. Desde que recebeu o diagnóstico, faz acompanhamento no Hospital da Criança. Como a doença é de alto risco, ele passa por ciclos de consultas e internação. Nesta terça-feira (8/10), poder conduzir um carrinho motorizado o deixou muito feliz. ;Achei legal andar. Quando vi já quis subir logo nele. Não é a primeira vez que ando num desses, mas esse é bem mais legal;, disse.


Para a dona de casa Patrícia Galvão, 21, ações como esta aliviam o peso do tratamento, muitas vezes diário. Ela é mãe da Angella Rebeka Lisboa, 3. Em 16 de agosto, a criança foi diagnosticada com leucemia e, de três em três semanas, precisa retornar ao hospital para fazer quimioterapia. ;Esse hospital é muito bom, mas o ambiente hospitalar é ruim. Desta vez, precisamos ficar mais tempo. Estamos desde quarta-feira (da semana passada) e sem previsão de alta. Gostei do que fizeram hoje (nesta terça-feira ; 8/10) porque eles ficam felizes e se divertem muito;, destacou.

Morador de Valparaíso, Carlos Eduardo Apolinário, 5, está há um mês internado, com pedras e pus nos rins. Sem previsão de alta, ele encontra nos períodos de entretenimento motivos para sorrir. A mãe dele, Renata Albuquerque, 36, destacou que o tratamento é tão pesado para o paciente quanto para os familiares. Ela reveza o acompanhamento com o pai da criança. ;Participar dessas ações incentiva a gente também. Porque, no quarto, os médicos podem chegar a qualquer momento com alguma notícia ruim. Agora, consegui relaxar um pouco. Estamos felizes;, afirmou.

Quando viu os carrinhos no corredor, Laura de Carvalho, 9, não recebeu uma boa notícia. ;Disseram que ela não podia andar por causa da contenção onde fica o medicamento que ela toma na veia. Ela correu para o quarto e chorou muito;, contou o pai dela, o bancário José Gleisson Neves, 35. Em seguida, ela recebeu a liberação e correu para se divertir. ;Atropelei um guarda e quase o meu pai também;, brincou a criança.

Diagnosticado com linfoma de burkitt ; câncer que atinge os glóbulos brancos conhecidos como linfócitos ; há um mês, Gabriel Mangueira, 4, acabou perdendo a sensibilidade das pernas. Mesmo com a adversidade, não ficou de fora da brincadeira. Com uma cadeira de rodas fez todo o circuito montado no corredor do hospital. ;Essa dinâmica é muito importante, porque qualquer distração é bem-vinda. Eles ficam muito tempo no quarto. Apesar do momento difícil, o sorriso dele é uma vitória para nós;, disse o pai, o bancário Wesley Mangueira, 34.

Agentes de trânsito

A inauguração dos carrinhos ocorreu junto a uma ação do Departamento de Trânsito (Detran), que montou um cenário de pista, com direito a faixa de pedestres, sinalização e até multa por infrações. Houve também distribuição de material educativo para as crianças, com dicas de comportamento no trânsito.

O chefe do núcleo de campanhas educativas do Detran, Miguel Videl, afirmou que o órgão, sempre que possível, faz parceria com o Hospital da Criança. Ele lembrou que, para esta ação, foram chamados em cima da hora, mas ressaltou que ;não dava para não atender a um pedido deles;. Para ele, ensinar as crianças sobre o bom comportamento no trânsito faz com que elas se tornem agentes mirins, que orientam os pais quando fazem algo de errado.

Além do Detran, o evento contou com a presença de voluntários que levaram alegria para os pacientes e acompanhantes com teatro de fantoches e músicas. Com apenas um violão, a Sinfonia da Saúde da Abrace ; instituição que oferece assistência social para crianças com câncer ; fez a festa no corredor do hospital. Eles estão todos os sábados na unidade de saúde. Ontem, abriram uma exceção e alegraram ainda mais a manhã das crianças.

;É algo que muda a nossa vida. A gente vem para dar, mas recebe mais. É uma alegria estar com as crianças, levar alegria por meio da música. A gente tem que ganhar na Mega-Sena para parar de trabalhar e dedicar 100% do nosso tempo aqui;, brincou a voluntária Daniele Serafim. O músico José Henrique Fonseca disse que sai das apresentações transformado. ;O resultado do que fazemos é maior dentro de nós mesmos. Me sinto mais ganhador cada dia que venho aqui.;

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