O presidente da instituição, Francisco Maia, explica que, para setores específicos, o número é bem maior. ;Nessa época, há um aumento de quase 50% nos segmentos de chocolates, sapatos, roupas e brinquedos. Mas, como há muita divulgação, isso leva as pessoas aos shoppings, e outras áreas acabam vendendo também;, ressalta.
O levantamento da Fecomércio entrevistou 514 consumidores e constatou que 52,92% deles têm intenção de presentear. A média de preço esperada é de R$ 145,46, e o pagamento deve ser majoritariamente à vista. ;No caso dos três segmentos principais (chocolates; brinquedos; e roupas e calçados), o valor médio está em torno de R$ 250, muito maior do que quando você compara com Dia dos Namorados e Dia dos Pais, que ficou em torno de R$ 140;, conclui Maia.
Na casa de Heitor Castro, 5 anos, uma estratégia é usada para gastar menos e conseguir bons brinquedos. O pai, Wildson dos Santos, 29 anos, afirma que ele e a esposa dão o que o filho quer ganhar, mas economizam ao longo do ano. ;A gente compra em promoções;, relata o serralheiro. ;Isso é importante até para impor limites, de que não pode ter tudo na hora que quer. Evita que cresça desordenado;, completa a mãe, a produtora de eventos Laís Castro, 22.
A copeira Patricia Araújo, 36 anos, presenteia Gracielly Araújo, 7, todos os anos. Segundo ela, o importante é não deixar a data passar em branco. ;Eles cobram para ganhar alguma coisa. Tem que comprar.; Neste Dia das Crianças, a filha vai escolher o presente, mas a mãe deixa as recomendações. ;Tem umas bonecas pequenas que custam mais de R$ 100, e ela insiste em querer. Então tem que explicar: se você já tem uma, vai comprar outra por quê? Fazer coleção não precisa;, defende.
Sindivarejista
Mais otimista, o Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista) projeta crescimento de 3% nas vendas para o Dia das Crianças. Além de brinquedos, roupas e calçados, os eletrônicos entram na lista dos mais desejados. Como o feriado deste ano cairá em um sábado, o comércio vai funcionar normalmente, garante o sindicato. A expectativa é que o gasto médio fique em R$ 150; R$ 20 a mais do que em 2018.
O operador de caixa Elvis Almeida, 21 anos, resolveu se antecipar e, de folga do trabalho, comemorou ontem a data especial. Com a esposa, Erika Alves, 21, eles passaram o dia em um shopping com o filho, Andrew, 5 anos, atrás de um presente. ;Não definimos uma faixa de preço. A gente vê o que ele gosta e analisa se pode comprar ou não;, diz Elvis.
A mãe conta que sempre explica ao filho a importância de economizar e se programar. ;Ele tem um cofre e, se tem alguma coisa que ele quer, a gente vai juntando dinheiro. No ano passado, juntamos R$ 100 e compramos um tênis. Neste ano, a gente juntou para o material escolar. Agora está enchendo para comprar algo no fim do ano.;
Já a enfermeira Carolina Martins, 35 anos, estipulou o valor máximo de R$ 120 para a filha, Gabriella Carvalho, 7 anos. A menina escolheu o presente: um jogo para brincar de fazer comida. O limite no orçamento é para que a irmã caçula, Melissa Carvalho, 3 anos, possa ganhar uma boneca. A mãe defende a importância de aprender a lidar com dinheiro desde cedo, ;para que tenha uma noção de como manter uma boa renda, senão vai tudo embora muito rápido;.
Educação financeira desde cedo
Com tanta atenção do comércio em cima dos jovens consumidores, a educação financeira ganha espaço. A Escola Classe Sobradinho dos Melos, na área rural do Paranoá, aproveita o Dia das Crianças para reforçar o aprendizado. Lá, os 298 alunos acumulam ;dimelos;, uma moeda distribuída de acordo com o bom comportamento e cumprimento de atividades. Os ;dimelos; podem ser trocados em alguns momentos do ano, como para participar do passeio especial do Dia das Crianças.A ação é parte do projeto que trabalha conceitos financeiros em sala de aula. Cada turma tem um dia específico durante a semana para estudar sobre o tema, e os professores adequam o conteúdo.
A coordenadora pedagógica, Helena Narciso, acredita que os alunos estão mais conscientes, principalmente com o desperdício na hora do lanche. ;Os que recebem mesada já têm a ideia de que é preciso dividir o valor em três partes: uma para gasto imediato, como para comprar doces, outra para o gasto de médio prazo, como comprar um celular ou um vídeo-game, e a terceira a longo prazo, em que eles guardam para serem milionários no futuro;, acrescenta.
O professor do Departamento de Ciências Contábeis da UnB Bruno Vinícius Ramos Fernandes orienta que a temática seja abordada com as crianças a partir da alfabetização. ;A gente tem que ter os conceitos iniciais bem compreendidos para evitar situações do dia a dia em que as pessoas tomam decisões erradas quanto à compra de bens, financiamento, empréstimo.; (LC).
* Estagiária sob supervisão de Marina Mercante