Cidades

Bailarinas do DF são pré-selecionadas para o Bolshoi e tentam pagar viagem

Garotas precisam ir para Santa Catarina nesta quinta-feira (17/10) para fazer exames médicos, que são parte da processo seletivo

Thays Martins, Juliana Andrade
postado em 15/10/2019 06:00
Integrantes de projeto do Lago Norte estão entre as selecionadasChegar ao balé do Bolshoi é o sonho da maioria dos bailarinos. E ele está mais próximo para três brasilienses que, agora, tentam angariar recursos para bancar uma viagem a Joinville, em Santa Catarina, onde farão exames médicos.

Duas dessas meninas participam do projeto social Dançar é Arte, no Lago Norte. Maria Eduarda Santos, 9 anos, e Emelly Queiroz, 10, foram selecionadas em uma audição da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Brasília. Para pagar a viagem à cidade catarinense, amigos e familiares fizeram uma vaquinha virtual.

Emelly entrou no projeto Dançar é Arte, uma instituição sem fins lucrativos que atende crianças carentes, há três anos. A mãe dela, a balconista Claudiana Gomes, 30, conta que a menina foi selecionada para o projeto dentre todos os alunos da turma dela da escola, no Recanto das Emas. "Eles fizeram uma seleção por sala. Em cada turma, um estudante seria contemplado e ela foi a escolhida;, lembra.

Claudiana nem imaginava que a filha fosse chegar tão longe com o balé. A menina confessa que está nervosa, mas pronta para ir atrás do sonho. "Eu entrei no balé quando tinha sete anos e não sabia que eu tinha o dom da dança, mas fui descobrindo isso nas aulas", comenta a bailarina, que está ansiosa com a viagem. "Eu estou muito feliz. Estou sonhando com isso todo dia", diz.

Maria Eduarda (na ponta da direita) e Emelly com a equipe de seleçãoEntre as 20 crianças que participaram da audição, Maria Eduarda, moradora do Paranoá, também foi selecionada. A menina está nas aulas de balé há pouco mais de um ano e já encantou com a flexibilidade, digna de uma bailarina profissional. A mãe da Maria Eduarda, a massagista Ana Paula da Silva, 33, conta que a garota se encantou pelo balé por causa da irmã mais velha. "Ela sempre via a irmã frequentar as aulas e amava ver ela dançar, até que ela mesmo entrou no projeto Dançar é Arte;, afirma.

A mãe lembra que apesar do talento da Maria Eduarda, o resultado da audição foi uma surpresa. Ela conta que nem estava nos planos a menina participar da seleção. "Eu levei ela para acompanhar a apresentação da irmã. Como algumas meninas não compareceram, ela foi incluída e acabou sendo selecionada;, detalha.

Ana Paula sabe que talento a menina tem de sobra, mas garante que tem conversado com Maria Eduarda sobre a próxima etapa da seleção. ;Essa é uma parte que não depende do esforço dela. É uma avaliação médica.; Já a menina, que sonha em ser uma bailarina profissional, não esconde a animação. "Eu gosto muito de balé. Estou um pouco ansiosa", confessa.

Para ajudar as meninas com os custos da viagem, o Dançar é Arte abriu uma vaquinha virtual para arrecadar dinheiro para as passagens, a hospedagem e alimentação. As meninas precisam fazer os exames médicos na Escola Bolshoi entre 16 e 22 de outubro. O procedimento é uma das etapas da seleção.

Rifa

Outra brasiliense pronta para tentar uma vaga na concorrida escola é Rayssa de Fátima Xavier da Silva, 13 anos, moradora de Brazlândia e aluno do Estúdio de Dança Cíntia Valadares. Ela também foi selecionada para a fase nacional, e os custos altos da viagem pegaram os pais da pequena bailarina de surpresa. ;Como não tínhamos condições, tivemos muita ajuda de pessoas que nos emprestaram dinheiro;, explica o pai da menina, Otacílio Júnior da Silva. Mas os custos de R$ 1.554 de passagens terão que ser devolvidos.

Para conseguir o dinheiro de volta. A empresa em que Otacílio é vigilante deu uma panela elétrica para ser rifada. Até agora, a família já conseguiu R$ 805 com as rifas no valor de R$ 5 cada. Apesar da dificuldade, a felicidade de ter uma filha no caminho de ingressar no balé mais prestigiado do mundo é inegável. ;Ficamos muito alegres. Muito gratificante para a família toda. Nós choramos quando recebemos a notícia;, lembra o pai orgulhoso.

Para Rayssa, essa é uma grande chance que não pode ser perdida. ;Foi uma coisa muito boa. Uma grande oportunidade para mim. Um sonho. Eu fui avaliada por professores russos que exigem muita técnica;, relata. Mas ela confessa que a questão dos custos deixaram ela apreensiva. ;Eu fiquei um pouquinho preocupada e nervosa, porque meus pais não têm muitas condições. Mas uma amiga da minha mãe nos ajudou;, comemora.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação