Cidades

Dois feminicídios no Entorno

Um dos casos ocorreu na manhã de ontem, no Novo Gama, onde um homem de 36 anos é suspeito de matar a ex-namorada, de 46. Em Planaltina de Goiás, vigilante assassinou a tiros a ex-mulher após 23 anos de relacionamento

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 15/10/2019 04:17
A polícia está à procura de Cléber Rogério de Oliveira, suspeito de matar Denise Aparecida no Novo Gama
Em menos de 48 horas, duas mulheres foram assassinadas no Entorno. Um homem de 36 anos é suspeito de matar a ex-namorada, na manhã de ontem, no Pedregal, bairro do Novo Gama (GO). A cuidadora de idosos Denise Aparecida dos Santos, 46, manteve um namoro com Cléber Rogério de Oliveira Soares durante quatro anos, mas havia quatro meses decidiu terminar o relacionamento, pois estava com outro companheiro, segundo informaram parentes da vítima.

Os dois moravam na mesma rua, na Quadra 538. Ao Correio, Samanta Estevam, 20, sobrinha de Denise, relatou que o suspeito invadiu a casa da tia no domingo à noite e escreveu uma mensagem de ameaça na parede: ;Vou matar você e ele;. Naquele momento, a mulher estava em um evento com a ex-cunhada. ;Ele nunca a agrediu e não a ameaçava, mas sabíamos que ele não era uma boa pessoa. Eu sempre tive um pressentimento ruim;, disse Samanta.

Ao chegar a casa, na madrugada de domingo, Denise viu o recado e resolveu passar a noite na residência da ex-cunhada, moradora do Pedregal, com a filha de 15 anos, fruto de outra relação. ;Ela nunca teve mania de dormir na residência de ninguém. Mas na hora ficou muito assustada. Chamamos a polícia, mas os agentes não conseguiram achá-lo (Cléber);, disse uma familiar, que preferiu não se identificar.

Segundo ela, a mulher decidiu registrar uma ocorrência na manhã de ontem. ;Por volta das 7h30, ela acordou e disse que tomaria um banho (na residência dela) e se trocaria para ir até a delegacia;, explicou a parente. Poucos minutos depois, uma vizinha de Denise chegou gritando à casa da ex-cunhada, informando de que Cléber havia saído correndo da residência e que tinha algo de estranho acontecendo. ;Quando cheguei lá, bati no portão, mas ninguém me atendeu, quando pedi para um homem pular o muro e abrir a porta. Ao entrar no local, deparei-me com o corpo dela no chão. Foi uma cena horrível, que nunca vou esquecer;, relatou. ;Até onde sabemos, ela morava sozinha e chegou sozinha a casa;, disse o delegado Danilo Martins, titular do Grupo de Investigações de Homicídios (GIH) do Novo Gama. O GIH investiga o caso como feminicídio.

Denise deixou uma filha, três irmãos, sobrinhos e amigos. ;Eu era grudada na minha tia. Como ela trabalhava perto da minha casa, no Guará, eu sempre ficava com ela. O sentimento que tenho é de tristeza e de revolta por esse homem ainda estar foragido;, lamentou Samanta. Até o fechamento desta edição, o suspeito não havia sido preso.

Outra morte

Em Planaltina de Goiás, uma mulher foi assassinada pelo ex-marido, no domingo. O homem, de 41 anos, teria efetuado três disparos contra Érica Sousa de França, 41. Reginaldo Pereira da Silva não aceitava o fim do casamento de 23 anos. O casal tinha três filhos e estava separado havia mais de 1 ano.

O titular da delegacia de Planaltina de Goiás, delegado Cristiomário Medeiros, contou que a servidora pública estava em casa com o namorado e uma das filhas, de 18 anos, quando o vigilante chegou armado, arrombando a porta. A jovem entrou na frente da mãe para defendê-la. ;Ele chegou a ameaçar a própria filha. Disse que atiraria nela também, se continuasse na frente. Ela saiu e logo o Reginaldo começou a discutir com a ex-mulher e atirou três vezes contra ela. Um dos tiros pegou no rosto da vítima;, detalhou o delegado.

O namorado da vítima trancou-se no quarto e escapou do assassino. A polícia foi acionada, e Reginaldo tentou fugir, atirando em direção aos PMs, voltou para dentro da residência. Após quase três horas de negociação, o homem se rendeu e acabou preso.

Em depoimento, ele disse que a intenção era matar o namorado, não a ex-mulher. Além disso, informou que toma remédio controlado e, ;para ter coragem de matar;, deu uma pausa nos medicamentos por quatro dias. Agora, os investigadores vão apurar se o suspeito ameaçou a ex-mulher anteriormente. O caso é investigado como feminicídio.

A agente comunitária de saúde Cristiane Morais, 40, era amiga de Érica havia 24 anos. ;Ela era minha irmã por escolha. O que fizeram é muito triste e revoltante. Não sou parente de sangue, mas de alma. Eu a amava;, lamentou.

*Estagiária sob supervisão de Guilherme Goulart

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