Juliana Andrade, Thays Martins
postado em 16/10/2019 06:00
Elas estão a poucos passos de realizar o sonho de grande parte dos bailarinos: chegar à Escola do Teatro Bolshoi no Brasil. Enquanto Maria Eduarda Santos, 9 anos; Emelly Queiroz, 10; e Rayssa de Fátima da Silva, 13, pré-selecionadas para a instituição, contam os dias, os pais e professores contam os números. As meninas precisam ir a Joinville (SC) para fazer exames médicos, que são parte do processo seletivo, e tentam angariar recursos para garantir a viagem.
Maria Eduarda e Emelly são alunas do projeto sociocultural Dançar é Arte, desenvolvido no Núcleo Rural Córrego do Torto, no Setor de Chácaras do Lago Norte. Desde 2000, a iniciativa oferece aulas de balé e dança para meninas carentes do Distrito Federal.
Para custear o transporte, a hospedagem e a alimentação, amigos e familiares fizeram uma vaquinha virtual. O objetivo é juntar R$ 12 mil.
A ida a Joinville está prevista para esta quinta-feira (17/10), mas até o fechamento desta edição, a arrecadação no site estava por volta de R$ 730. ;Consegui também doação de dois amigos, e estamos com cerca de R$ 1,8 mil, mas ainda é insuficiente. Precisamos pagar as passagens, além de hotel e comida. Uma coisa eu sei: a gente vai, nem que eu precise fazer um empréstimo;, diz a idealizadora do Dançar é Arte, a bailarina e professora Kátia Moraes. O prazo para participar da vaquinha virtual é 22 de outubro.
Neste mês, o Dançar é Arte foi uma das instituições escolhidas em Brasília pela Escola Bolshoi para realizar um workshop exclusivo e audição para novos alunos. Na ocasião, Maria Eduarda e Emelly foram pré-selecionadas para estudar na instituição.
As garotas não escondem a ansiedade. ;Eu entrei no balé quando tinha 7 anos e não sabia que eu tinha o dom da dança, mas fui descobrindo isso nas aulas. Eu estou muito feliz. Estou sonhando com isso todo dia;, diz Emelly. ;Eu gosto muito de balé. Estou um pouco ansiosa;, completa Maria Eduarda.
Rifa
Já a alternativa encontrada pela família de Rayssa foi rifar uma panela elétrica doada pela empresa em que o pai da garota, o vigilante Otacílio Júnior da Silva, trabalha. ;Ficamos muito alegres. É muito gratificante para a família toda. Nós choramos quando recebemos a notícia;, lembra Otacílio, orgulhoso, sobre a possibilidade de Rayssa compor a equipe do Bolshoi.
Como a data da viagem se aproxima, a família conseguiu dinheiro emprestado para pagar as passagens. Agora, vende as rifas para quitar a dívida. Para comprar, é preciso entrar em contato com Otacílio, pelo (61) 98488-6970. Cada rifa custa R$ 5.
Para Rayssa, essa é uma chance que não pode ser perdida. ;Foi uma coisa muito boa. Uma grande oportunidade para mim. Um sonho. Eu fui avaliada por professores russos que exigem muita técnica;, relata. Mas ela conta que a questão dos custos a deixaram apreensiva. ;Eu fiquei um pouquinho preocupada e nervosa, porque meus pais não têm muitas condições. Mas uma amiga da minha mãe nos ajudou;,
comemora.
Escola de Teatro de Bolshoi
Única filial do famoso Teatro Bolshoi da Rússia, a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil funciona desde 15 de março de 2000. A instituição é sem fins lucrativos, tem apoio da Prefeitura Municipal de Joinville e é mantida pelo governo de Santa Catarina e pelos chamados ;Amigos do Bolshoi;. A seleção para a escola é anual. Oriundos de diferentes estados brasileiros e do exterior, os alunos recebem bolsas de estudo e benefícios.
Como ajudar
; É possível doar qualquer valor pelo site
; Prazo da vaquinha virtual: 22 de outubro
; Para comprar a rifa, é preciso entrar em contato pelo (61) 98488-6970.
; Cada número para o sorteio custa R$ 5.