A Polícia Civil investiga se a arma encontrada ao lado do corpo de Kléber Rogério de Oliveira Soares, 36 anos, foi usada para matar Denise Aparecida dos Santos, 46, na última segunda-feira, no Pedregal, bairro do Novo Gama (GO). Um dia após a morte da ex-namorada, o homem foi encontrado morto embaixo da Ponte do Bragueto, via que liga o Lago Norte à Asa Norte. Estava deitado de barriga para cima, com uma marca de tiro no queixo e com um revólver calibre .38 na mão.
Ele era o principal suspeito de matar a ex-companheira com um disparo de arma de fogo no rosto. Desde o crime, estava foragido. Funcionários de uma empresa que realiza obras na parte inferior da ponte relataram que Kléber chegou ao local por volta das 16h de segunda, com uma mochila nas costas. Ele se sentou e encostou em uma pilastra de sustentação da construção e começou a pescar.
Às 17h, a equipe estava indo embora quando observou o homem deitado, sem camisa. Um dos trabalhadores, que não quis se identificar, afirmou que ninguém ouviu barulho de tiro. Quando voltaram para trabalhar às 7h de ontem, viram o rapaz na mesma posição e suspeitaram que ele estivesse morto. Imediatamente, o coordenador da obra acionou a polícia.
Agentes da Polícia Civil chegaram ao local e viram Kléber caído, com mancha de sangue na altura do queixo e uma arma na mão. No revólver, foram encontradas duas cápsulas deflagradas. Uma das balas foi usada contra ele mesmo. A polícia investiga se a outra foi utilizada para matar Denise. O resultado da perícia deve sair em 30 dias. O delegado-cartorário da 9; Delegacia de Polícia (Lago Norte), Tiago Carvalho, informou que a unidade é responsável pela investigação da morte de Kléber. O feminicídio, no entanto, continua com a Polícia Civil de Goiás.
O delegado-titular do Grupo de Investigações de Homicídio do Novo Gama, Danilo Martins, explicou que a equipe vai concluir a apuração para ter certeza de que Kléber foi o autor do homicídio com qualificadora da ex-namorada. ;Precisamos averiguar ainda se ele agiu sozinho ou não. Assim que tudo estiver concluído, será encaminhado para o Judiciário para o arquivamento do processo, já que o possível criminoso está morto;, informou.
A família de Denise soube da morte do suspeito por meio de redes sociais. Samanta Estevam, 20, sobrinha da vítima, com quem o Correio conversou, preferiu não se pronunciar. O corpo da cuidadora de idosos foi enterrado ontem no Cemitério Campo da Esperança, da Asa Sul.
Ameaças
De acordo com o delegado Danilo Martins, Denise recebeu uma série de ameaças de morte. Um dia antes do crime, Kléber deixou uma mensagem na parede da casa da mulher dizendo que a mataria e que mataria o atual namorado dela. A vítima estava decidida a denunciar e, com medo, dormiu na casa de um familiar no domingo. Quando chegou em casa na segunda pela manhã, o ex-namorado já estava lá e a surpreendeu com um tiro no rosto. O casal teve um relacionamento de quase quatro anos e tinha terminado há quatro meses. No entanto, o homem não aceitava o fim.
A delegada-chefe da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), Sandra Melo, alertou que as mulheres não devem subestimar qualquer sinal de ameaça, desrespeito ou violência vindas do companheiro. ;Ela deve sempre procurar ajuda. No DF, todas as delegacias estão preparadas para recebê-las, a qualquer hora do dia. Na Delegacia da Mulher, temos delegadas, escrivãs, uma equipe preparada para atender e orientar quem precisa de ajuda. No Entorno, não é diferente. O importante é denunciar para que histórias como essa não se repitam;, ressaltou.
*Estagiária sob supervisão de Marina Mercante
Onde procurar ajuda
Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência ; Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Telefone: 180 (disque-denúncia)
Centro de Atendimento à Mulher (Ceam) no DF
; De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h
; Locais: 102 Sul (Estação do Metrô), Ceilândia, Planaltina
Delegacia Especial de Atendimento à Mulher
(Deam) no DF
; Entrequadra 204/205 Sul - Asa Sul
(61) 3207-6172
Disque 100 ; Ministério dos Direitos Humanos
Telefone: 100
Programa de Prevenção à
Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar
Telefones: (61) 3910-1349 / (61) 3910-1350